por Glória Almeida
fonte: ejesus.com.br
Thomas Alva Edison nasceu no dia 11 de Fevereiro de 1847, no seio de uma família de classe média de Milan, Ohio, EUA. Quando tinha sete anos a família mudou-se para Port Huron, Michigan, EUA. Devido à sua dificuldade em concentrar-se e às perguntas insistentes que faziam irritar o professor, saiu da escola 12 semanas depois do início das aulas. A educação do pequeno Thomas ficou a cargo da sua mãe, permitindo-lhe então orientar os seus próprios estudos. Incentivado pela mãe, montou um laboratório no seu quarto, onde fazia experiências que, por vezes, abanavam a casa.Para conseguir mais dinheiro para as suas experiências, deixou definitivamente a escola aos 12 anos — até porque nem ouvia bem o professor — e começou a trabalhar. Arranjou um emprego como ardina no comboio que fazia a ligação entre Port Huron e Detroit. Além dos jornais vendia sanduíches, doces e fruta aos passageiros. O guarda da estação tinha-lhe autorizado a guardar os doces e os jornais num vagão vazio; a pouco e pouco Edison mudou o seu laboratório também para lá... até ao dia em que houve um incêndio na carruagem! Durante este período, a surdez de Edison tornara-se evidente.Edison desenvolveu um grande interesse por telegrafia. [Mais tarde até deu as alcunhas de "Dot" (ponto) à filha e "Dash" (traço) ao filho]. Depois de algumas aulas tornou-se telegrafista na sua terra natal. Mas como já fizera no seu vagão-laboratório, quase fez explodir o gabinete onde trabalhava. Durante os cinco anos seguintes, o jovem Thomas trabalhou por toda a parte.Num dos seus muitos empregos trabalhava à noite. E tinha que enviar um sinal para a central para mostrar que estava acordado. Edison inventou um sistema que, de hora a hora, enviava automaticamente um sinal, permitindo-lhe dedicar-se a outras actividades, tais como dormir! Um dos seus primeiros inventos foi uma ratoeira eléctrica que ele utilizava para caçar os ratos que populavam o seu quarto de pensão.Em 1869 mudou-se para Nova Iorque com a intenção de se estabelecer como inventor independente. Quando chegou, estava esfomeado e sem dinheiro, mas a reparação de um indicador de preços na bolsa de Wall Street valeu-lhe um contrato com a Western Union. Este trabalho permitiu-lhe estabelecer-se por conta própria em Newark. Nesta altura casou-se com uma das suas empregadas, Mary Stilwell — segundo a história, logo após o casamento, foi directamente para a oficina, de onde só voltou a altas horas!...Em 1876, Edison decidiu mudar-se para Melo Park, New Jersey, onde montou uma "fábrica de inventos". No ano seguinte, desenvolveu o fonógrafo e o transmissor de carbono para telefones. Edison tinha verificado que se falasse para um diafragma (disco fino) onde estava montado um estilete, este deixava marcas num pedaço de papel "couché". E se puxasse novamente o papel sob o estilete, produzia-se som. Após profundo desenvolvimento, o fonógrafo funcionava do seguinte modo: a voz do utilizador fazia vibrar o diafragma de gravação, enquanto o cilindro coberto com papel de estanho ia girando sob a agulha do diafragma, este fazendo cortes na folha de estanho que variavam conforme o som. Quando a gravação estava completa, a agulha era substituída por outra, e, girando novamente o cilindro, a máquina reproduzia as palavras.Este invento deu-lhe fama e reconhecimento mundial. Pouco depois da invenção do fonógrafo, Edison iniciou um projecto muito mais audacioso — a lâmpada eléctrica. Testou diversos filamentos na lâmpada, com o objectivo de encontrar um que se inflamasse e brilhasse sem se derreter, quando a electricidade passasse através dele. Optou, então, pelo algodão enrolado em carbono. Encerrou o filamento num globo de vidro de onde retirou todo o ar, de forma a criar vácuo. Esta lâmpada funcionou durante 40 horas e foi um sucesso!! Outros inventores tentaram igualmente criar uma lâmpada, mas apenas brilhava por alguns minutos. O seu objectivo final com esta invenção era iluminar Nova Iorque: tinha a ideia que as casas que usassem energia eléctrica ficassem ligadas a uma central eléctrica através de fios de cobre.A instalação eléctrica foi feita num circuito fechado em que a corrente circulava simultaneamente em dois sentidos, pondo os elementos do circuito em paralelo. Assim, fundindo-se uma lâmpada, as outras ficavam acesas. Quando inaugurou o primeiro serviço de distribuição eléctrica instalado na cidade de Nova Iorque, em 1882, contava com 85 utilizadores.Mais tarde adaptou o invento da lâmpada para desenvolver o comboio eléctrico, e fundou os caminhos de ferro eléctricos da América. Em 1887 abriu um laboratório em West Orange, New Jersey. Aqui criou a sua câmara e o projector para filmes animados, no ano de 1891.Edison morreu em Outubro de 1931. A América homenageou-o, apagando todas as luzes por alguns momentos. A Thomas Edison são atribuídas mais de 1000 patentes, tornando-o no maior inventor de todos os tempos!
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terça-feira, 27 de outubro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Obediência em primeiro lugar
A obediência em primeiro lugar
Um homem dormia tranqüilo quando, de repente, seu quarto encheu-se de luz e Deus lhe apareceu.O Senhor disse ao homem que tinha trabalho para ele e mostrou-lhe uma enorme pedra em frente à casa. Em seguida, o Senhor explicou que o homem deveria empurrar a pedra com toda as suas forças, dia após dia.Por muito tempo, ele se cansou do nascer ao pôr-do-sol, seus ombros encostados contra a superfície fria e maciça da rocha que não se movia, empurrando com todas as suas forças.A cada noite, o homem retornava para casa exausto, com a impressão de que todo o seu dia tinha sido em vão.Vendo que o homem dava sinais de estar perdendo o ânimo, Satanás decidiu entrar em cena, induzindo pensamentos em sua mente:— Você está fazendo força contra a pedra há muito tempo e ela nem se abalou. Por que se matar por isto? Você nunca vai conseguir mover a pedra mesmo.E logo o homem ficou com a sensação de que a tarefa era impossível e que era um fracassado. Tais pensamentos desencorajaram-no e desanimaram-no. “Por que me matar, dando importância a isso?”, pensava ele. “Vou colocar apenas o meu tempo, mas dedicar o mínimo de esforço; creio que isso já seja o suficiente”, concluiu.Então, resolveu fazer disso motivo de suas constantes orações, levando seus pensamentos atribulados ao Senhor.— Senhor — orou ele. — tenho trabalhado duro por muito tempo no seu serviço, empenhando todas as minhas forças para fazer o que me pediu, o que me ordenou. No entanto, depois de todo esse tempo, ainda não consegui mover aquela rocha meio milímetro sequer. O que está errado? Em que falhei? O que o Senhor está querendo me mostrar?E o Senhor respondeu amorosamente:— Filho, quando pedi a você que me servisse e você aceitou, eu lhe disse que sua tarefa seria empurrar a rocha com todas as suas forças e é exatamente isso que você tem feito. Mas também é certo que nenhuma vez eu lhe disse que esperava que você a movesse. Sua tarefa era simplesmente empurrar e, agora, você chega me dizendo que falhou. Tenho uma dúvida: será que é isso mesmo? Seus braços estão fortes e musculosos, suas costas eretas e morenas, suas mãos estão calejadas pela pressão constante e suas pernas tornaram-se duras e firmes. Por meio de todo o esforço você cresceu muito e suas habilidades são maiores do que quando você começou, consegue se lembrar deste detalhe? Você não moveu a rocha, mas o seu chamado foi para que você fosse obediente, empurrasse e exercitasse a sua fé e confiança na minha sabedoria. Isto você fez. Agora, acalme-se, eu vou mover a rocha.
Um homem dormia tranqüilo quando, de repente, seu quarto encheu-se de luz e Deus lhe apareceu.O Senhor disse ao homem que tinha trabalho para ele e mostrou-lhe uma enorme pedra em frente à casa. Em seguida, o Senhor explicou que o homem deveria empurrar a pedra com toda as suas forças, dia após dia.Por muito tempo, ele se cansou do nascer ao pôr-do-sol, seus ombros encostados contra a superfície fria e maciça da rocha que não se movia, empurrando com todas as suas forças.A cada noite, o homem retornava para casa exausto, com a impressão de que todo o seu dia tinha sido em vão.Vendo que o homem dava sinais de estar perdendo o ânimo, Satanás decidiu entrar em cena, induzindo pensamentos em sua mente:— Você está fazendo força contra a pedra há muito tempo e ela nem se abalou. Por que se matar por isto? Você nunca vai conseguir mover a pedra mesmo.E logo o homem ficou com a sensação de que a tarefa era impossível e que era um fracassado. Tais pensamentos desencorajaram-no e desanimaram-no. “Por que me matar, dando importância a isso?”, pensava ele. “Vou colocar apenas o meu tempo, mas dedicar o mínimo de esforço; creio que isso já seja o suficiente”, concluiu.Então, resolveu fazer disso motivo de suas constantes orações, levando seus pensamentos atribulados ao Senhor.— Senhor — orou ele. — tenho trabalhado duro por muito tempo no seu serviço, empenhando todas as minhas forças para fazer o que me pediu, o que me ordenou. No entanto, depois de todo esse tempo, ainda não consegui mover aquela rocha meio milímetro sequer. O que está errado? Em que falhei? O que o Senhor está querendo me mostrar?E o Senhor respondeu amorosamente:— Filho, quando pedi a você que me servisse e você aceitou, eu lhe disse que sua tarefa seria empurrar a rocha com todas as suas forças e é exatamente isso que você tem feito. Mas também é certo que nenhuma vez eu lhe disse que esperava que você a movesse. Sua tarefa era simplesmente empurrar e, agora, você chega me dizendo que falhou. Tenho uma dúvida: será que é isso mesmo? Seus braços estão fortes e musculosos, suas costas eretas e morenas, suas mãos estão calejadas pela pressão constante e suas pernas tornaram-se duras e firmes. Por meio de todo o esforço você cresceu muito e suas habilidades são maiores do que quando você começou, consegue se lembrar deste detalhe? Você não moveu a rocha, mas o seu chamado foi para que você fosse obediente, empurrasse e exercitasse a sua fé e confiança na minha sabedoria. Isto você fez. Agora, acalme-se, eu vou mover a rocha.
10 mandamentos para um sono tranquilo
Uma boa noite de sono
OS 10 MANDAMENTOS PARA UMA BOA NOITE DE SONO
1. Horário regular para dormir e despertar.
2. Ir para a cama somente na hora dormir.
3. Ambiente saudável.
4. Não fazer uso de álcool próximo ao horário de dormir
5. Não fazer uso de medicamentos para dormir sem orientação médica.
6. Não exagerar em café, chá e refrigerante.
7. Atividade física em horários adequados e nunca próximo à hora de dormir.
8. Jantar moderadamente em horário regular e adequado.
9. Não levar problemas para a cama.
10. Atividades repousantes e relaxantes após o jantar.
Fonte: www.sono.org.br
OS 10 MANDAMENTOS PARA UMA BOA NOITE DE SONO
1. Horário regular para dormir e despertar.
2. Ir para a cama somente na hora dormir.
3. Ambiente saudável.
4. Não fazer uso de álcool próximo ao horário de dormir
5. Não fazer uso de medicamentos para dormir sem orientação médica.
6. Não exagerar em café, chá e refrigerante.
7. Atividade física em horários adequados e nunca próximo à hora de dormir.
8. Jantar moderadamente em horário regular e adequado.
9. Não levar problemas para a cama.
10. Atividades repousantes e relaxantes após o jantar.
Fonte: www.sono.org.br
Pornografia: Realidade, Perigos e Libertação
Por: Rev. Augustus Nicodemus, Paulo Brasil, Samuel Vitalino
13.05.2005 12:22
O Que É Pornografia? Alguém já disse que é mais fácil reconhecer a pornografia do que defini-la. De forma geral, podemos dizer que pornografia é a representação da nudez e do comportamento sexual humano com o objetivo de produzir excitamento sexual. Esta representação é feita através de imagens animadas (filmes, vídeos, computador), fotografias, desenhos, textos escritos ou falados. A pornografia explora o sexo, tratando os seres humanos como coisas e, em particular, as mulheres como objetos sexuais. A palavra pornografia vem do grego e significa literalmente "escrever sobre prostituta". Com o tempo, passou a referir-se a qualquer material, escrito ou gráfico, de conteúdo sexual. O termo é usado hoje de forma negativa. A indústria pornográfica que produz filmes, revistas, vídeos e sites na Internet, prefere usar outros termos, como "material adulto". Esta manobra é um eufemismo que visa retirar deste sórdido comércio a pecha negativa que ele possui. É importante, porém, fazer uma distinção entre erotismo e pornografia. Existe um erotismo saudável, que consiste na exploração da sexualidade dentro do casamento. O livro de Provérbios nos traz um exemplo disto: "Bebe a água da tua própria cisterna e das correntes do teu poço. Derramar-se-iam por fora as tuas fontes, e, pelas praças, os ribeiros de águas? Sejam para ti somente e não para os estranhos contigo. Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, corça de amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias. Por que, filho meu, andarias cego pela estranha e abraçarias o peito de outra?" (Pv 5.15-20) Ou ainda, o livro de Cantares de Salomão: "Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho" (Ct 1.2). "Que belo é o teu amor, ó minha irmã, noiva minha! Quanto melhor é o teu amor do que o vinho, e o aroma dos teus ungüentos do que toda sorte de especiarias! Os teus lábios, noiva minha, destilam mel. Mel e leite se acham debaixo da tua língua, e a fragrância dos teus vestidos é como a do Líbano" (Ct 4.10-11). "Os teus beijos são como o bom vinho, vinho que se escoa suavemente para o meu amado, deslizando entre seus lábios e dentes. Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim. Vem, ó meu amado, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias. Levantemo-nos cedo de manhã para ir às vinhas; vejamos se florescem as vides, se se abre a flor, se já brotam as romeiras; dar-te-ei ali o meu amor" (Ct 7.9-12). Estas passagens mostram que o Senhor nos criou com sexualidade e que a mesma pode ser explorada e desfrutada dentro do ambiente do casamento. A pornografia é diferente, pois visa o excitamento sexual através da exibição de imagens explícitas de sexo, nudez e órgãos sexuais sem fazer qualquer distinção moral ou levar em conta adultério, prostituição, lesbianismo, além de formas pervertidas de relações sexuais. Breve Histórico da Pornografia A representação gráfica da nudez humana, bem como das relações sexuais, é algo bem antigo na história do homem. A arqueologia revelou que em muitas das paredes dos templos pagãos cananitas, que foram destruídos pelos israelitas quando conquistaram a terra por volta de 1.300 anos antes de Cristo (Lv 26.1; Nm 33.52), havia desenhos de órgãos sexuais masculinos e femininos. Essas são as formas mais antigas de pornografia que conhecemos. Os cananitas aparentemente representavam os órgãos genitais nas paredes para excitar os adoradores e estimulá-los à prática da prostituição sagrada. Os israelitas, em contraste, tinham uma atitude totalmente diferente quanto à exposição dos órgãos sexuais. Em suas Escrituras Sagradas estava escrito que Deus cuidou em cobrir a nudez do primeiro casal após a Queda (Gn 2.25; 3.7-10). Havia uma preocupação em que as vestimentas cobrissem os órgãos genitais (Ex 28.42-43), a ponto de existir uma determinação na lei de Moisés de que o sacerdote deveria ter cuidado para não subir as escadas do altar de forma a deixar que seus órgãos genitais ficassem expostos (Ex 20.26). Cão, o filho de Noé, foi condenado por ter visto a nudez de seu pai. A própria Bíblia se refere à genitália de forma reservada, usando às vezes eufemismos como "nudez" (Lv 18), "pele nua" (Ex 28.42), "membro viril" (Dt 23.1), "entre os pés" (Dt 28.57) e "parte indecorosa" (1Co 12.23), só para citar alguns exemplos. Os gregos antigos usavam temas pornográficos em canções empregadas nos festivais em honra ao deus Dionísio, séculos antes de Cristo. Nas ruínas romanas de Pompéia, destruída na erupção do Vesúvio em 79 d.C., há pinturas pornográficas nas paredes de algumas edificações representando órgãos sexuais masculinos e propaganda de serviços de prostituição. A pornografia também era usada em algumas culturas orientais antigas como Índia, Japão e China. Bastante antiga e amplamente divulgada é a obra Kama Sutra, escrita na Índia por volta do ano 2500 a.C., um manual contendo gravuras das mais grotescas formas de relação sexual. Na Europa medieval, o Decamerão (1353) do italiano Giovanni Boccaccio, obra abertamente pornográfica, tinha grande circulação. Com o advento da mídia eletrônica em décadas recentes, a pornografia passou a ser um problema social de grandes proporções. O cinema, a televisão, o vídeo e a TV a cabo se tornaram canais poderosos pelos quais todos os tipos de pornografia se tornaram amplamente disponíveis ao grande público. A partir daí a indústria pornográfica cresceu de forma massiva, pois as pessoas passaram a consumir pornografia em suas próprias casas, sem precisar ir ao cinema ou à banca de revistas. Surgiram também jogos pornográficos de computador. E mais tarde, com o advento da Internet, a disponibilidade e a facilidade de acesso à pornografia multiplicou-se de forma inimaginável. Devido ao acesso internacional e ao custo zero de copiar e baixar imagens na Internet, a cyber-pornografia tornou-se a forma mais popular de pornografia hoje. Os Diversos Tipos de Pornografia Os estudiosos do assunto, bem como os legisladores, fazem geralmente uma distinção entre diferentes tipos de pornografia, para fins de estudo e compreensão: 1. Softcore – Refere-se a material pornográfico que apresenta imagens de nudez e cenas que apenas sugerem a relação sexual. 2. Hardcore – Contém representação explícita dos órgãos genitais em cópula e de relações sexuais de toda a sorte. 3. Snuff – Fala-se ainda de vídeos snuff, onde pessoas praticam atos sexuais e depois são assassinadas. Entretanto, não se conhece nenhum exemplar destes vídeos que tenha sido distribuído comercialmente. 4. Pornografia infantil – É a representação, sob qualquer forma, de criança em ato sexual implícito ou explícito, simulado ou real, ou qualquer representação dos órgãos sexuais da criança para fins sexuais. 5. Erótica – Algumas feministas fazem uma distinção entre pornografia, que é a sujeição e degradação sexual da mulher através de imagens que representam o homem dominando e humilhando a mulher sexualmente, e a erótica, que é a representação sexual de homem e mulher em posição de igualdade e respeito mútuo. Estas distinções podem nos ajudar a entender melhor o assunto e a perceber como diferentes pessoas entendem a pornografia. Entretanto, todas as diferentes formas de pornografia têm em comum a exposição pública da nudez e das relações sexuais humanas, com vistas ao despertamento sexual indiscriminado. Por este motivo, os cristãos não devem se deixar iludir por estas distinções, como se alguma forma de pornografia fosse menos errada do que outras. A Situação Legal da Pornografia em Alguns Países A pornografia é uma das formas mais polêmicas de expressão. As sociedades vêm debatendo há muito se material pornográfico deveria ser censurado e como fazer a distinção entre nudez artística e pornografia. No ocidente, onde a liberdade de expressão é uma marca distintiva das democracias, o assunto tem se tornado ainda mais agudo. Além disto, discute-se a realidade das conseqüências sociais e psicológicas da pornografia. A situação legal da pornografia depende do país. A pornografia infantil é considerada ilegal na totalidade dos países. A legislação brasileira define pornografia infantil como sendo "cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente". A pena de reclusão é de um a quatro anos para a produção e publicação da pornografia infantil. Entretanto, a maioria dos países permite a comercialização e a distribuição de alguma forma de pornografia. No Brasil, bem como na maioria dos países, a pornografia softcore é geralmente permitida nas bancas de revista, videotecas, televisão e cinemas. A hardcore é permitida da mesma forma, mas com algumas restrições, como por exemplo, uma capa de plástico com tarjeta preta para as revistas hardcore. A maioria dos países tenta restringir o acesso de menores à pornografia hardcore, permitindo a sua comercialização somente em seções "adultas" de videotecas, livrarias e em TV a cabo. Entretanto, estes esforços têm se mostrado ineficazes para restringir o acesso da população em geral às formas de pornografia consideradas mais danosas, por causa da grande disponibilidade deste material na Internet e, obviamente, pela inclinação do coração humano a toda sorte de obscenidade. A maioria dos países ocidentais tem restrições à pornografia que envolva violência e bestialismo (sexo com animais). A Holanda e a Suécia, entretanto, permitem a venda deste material abertamente nos sex-shops e após os 15 anos de idade, os jovens podem assistir filmes pornográficos de qualquer tipo. Na Grã-Bretanha, a pornografia hardcore continua sendo ilegal, embora tolerada. No Japão, até recentemente, a exibição dos órgãos genitais era proibido, e a softcore permitida. Pode parecer, pelas diferentes atitudes dos países, que os aspectos morais relacionados com o consumo da pornografia seja uma questão cultural. Entretanto, não são apenas questões culturais que levam esses países a restringir ou permitir a pornografia. Questões financeiras e econômicas influenciam os governos. A pornografia é uma grande indústria que gera milhões de dólares anuais em impostos. A venda de material pornográfico em sex-shops – que inclui vídeos e acessórios encomendados pela Internet – representa uma boa porcentagem do dinheiro movimentado pelo e-commerce (comércio pela Internet). E estes números estão aumentando com a crescente enxurrada de obscenidade no mundo. O Crescimento da Pornografia no Mundo Uma estatística de 1995 revelou que os americanos gastam mais em pornografia do que em Coca-Cola. Não é difícil imaginar que a situação no Brasil não é muito diferente. Um país antigamente fechado, como a China, em 1993 assistiu a uma enxurrada de material pornográfico em seus limites após ter aberto, mesmo que um pouco, as suas fronteiras para receber ajuda estrangeira. Mensalmente, cerca de 8 milhões de cópias de revistas pornográficas circulam no Brasil. Em 1994 a venda de vídeos pornôs chegou perto de 500 milhões de dólares. Não é de se admirar que as locadoras reservem cada vez mais espaço nas prateleiras para vídeos pornôs. Segundo uma pesquisa em 1992, um em cada quatro brasileiros assistiu a um filme de sexo explícito. O mesmo fizeram 13% das mulheres entrevistadas. Em 1995 esse número dobrou para os homens e aumentou um pouco em relação às mulheres. Recentes estatísticas mostram o crescimento destes números. Diversos acontecimentos recentes ao redor do mundo indicam o avanço contínuo da pornografia. O mundo está sendo inundado com uma enxurrada de imundícia. Vejamos alguns destes indícios. 1) Os governos aumentam cada vez mais a legalidade da pornografia – Um exemplo é que em abril de 2002 o Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogou a Lei da Prevenção da Pornografia Infantil que havia sido promulgada pelo Congresso em 1966. O argumento usado pelo Supremo Tribunal foi que a liberdade de expressão estava sendo suprimida. A decisão reflete a tendência cada vez maior para a legalização de todas as formas de pornografia. 2) As estatísticas mais recentes mostram o crescimento vertiginoso da indústria pornográfica – Segundo estudos publicados em maio de 2002, há mais de 400.000 sites pornográficos na Internet em todo o mundo, e cerca de 70 milhões de pessoas visitam ao menos um site pornográfico por semana. Este crescimento é atestado por outras estatísticas. Em 2002, o Observatório para a Publicidade do Instituto da Mulher, em Paris, recebeu 710 denúncias contra mensagens sexistas, o dobro das denúncias recebidas em 2000. 80% destas denúncias tinham a ver com a exploração do corpo feminino em propaganda de produtos. Neste mesmo ano, em Bruxelas, a ONU publicou relatório denunciando que milhões de pessoas em todo o mundo – a metade sendo de crianças e uma outra grande parte de jovens mulheres – são exploradas sexualmente, o que obviamente se refere não somente à prostituição, mas à pornografia. Ainda em outubro de 2002, em Barcelona, a Feira Internacional do Cine Erótico exibiu ao vivo relações sexuais pervertidas aos participantes da Feira. 3) O fracasso das estratégias governamentais em conter o avanço da imoralidade – Conforme estudo do Jornal Médico Britânico publicado na Inglaterra em 2002, as campanhas governamentais de prevenção da gravidez de adolescentes estavam fracassando redondamente. A famosa rádio BBC de Londres veiculou em 2002 que o governo inglês estava preocupado por não conseguir conter a enxurrada de material pornográfico que atinge diariamente os adolescentes ingleses pela Internet. De cada dez mensagens que recebem, uma delas é pornográfica ou remete a algum site pornográfico. A mesma frustração do governo inglês certamente se sente nos governos de outros países. 4) A constatação de danos cada vez maiores causados pela pornografia – Continuamente surgem relatórios de diversos quadrantes mostrando novos danos causados pela pornografia. Por exemplo, os estudos do professor Richard Drake da Universidade Brigham Young nos Estados Unidos, indicam que a pornografia pode ter efeitos na mente similares ao da cocaína, produzindo dependência e distúrbios mentais. Em Paris, numa reunião com mais de 1700 psicanalistas de 31 paises para tratar de novas formas de neuroses, destacou-se o fato de que cresce cada vez mais o número de pessoas viciadas em sexo, um problema que foi considerado como uma enfermidade psicológica, cujas conseqüências são a ruína econômica, problemas no casamento e em relações, problemas no trabalho, ansiedade e depressão. Todas estas evidências apontam para uma avalanche da imoralidade em todo o mundo, da qual a pornografia é o carro chefe. Além dos evidentes problemas espirituais que a pornografia causa, também contribui largamente para o crescimento da violência em todo o mundo. Não são poucos os relatórios feitos por comissões de pesquisadores que denunciam a estreita relação entre a pornografia e a crescente onda de estupros, assédio sexual e exploração infantil nos países "civilizados". Vários dos temas mais comuns em pornografia do tipo hardcore incluem cenas de seqüestro e estupro de mulheres, geralmente com espancamento e tortura, além de outras formas obscenas de degradação. A mensagem que a pornografia passa aos consumidores é que quando a mulher diz "não" na verdade está dizendo "sim", e que se o estuprador insistir, ela não somente aceitará como também passará a gostar. Assim, a violência contra a mulher é exposta como algo válido e normal. Estudos de especialistas mostram que 82% dos encarcerados por crimes sexuais contra crianças e adolescentes admitiram que eram consumidores regulares de material pornográfico. Só nos Estados Unidos, o número conhecido de estupros pela polícia cresceu 500% em menos de 30 anos, o que corresponde ao aumento da popularidade do material pornográfico e da facilidade para ser encontrado. Cerca de 86% dos condenados por estupro admitiram imitação direta das cenas pornográficas que assistiam regularmente. Movimentos Anti-Pornografia O crescimento vertiginoso da disponibilidade da pornografia e os seus efeitos tem levantado reações no mundo todo. As críticas e ataques à indústria pornográfica e aos seus consumidores vêm geralmente de religiosos conservadores e do movimento feminista. Evangélicos e católicos têm atacado fortemente a indústria da pornografia, especialmente nos países onde o cristianismo conservador exerce alguma força política. Os argumentos usados pelos religiosos contra a pornografia é que a mesma é imoral, que o sexo é reservado para o casamento e que a pornografia aumenta o comportamento imoral e a violência da sociedade. No Brasil há esforços isolados por parte dos evangélicos, já que não têm um representante nacional. Por exemplo, o deputado evangélico Pastor Daniel Marins lançou na Assembléia Legislativa de São Paulo, em 2001, um projeto de lei que proíbe a exposição de modelos, masculinos ou femininos, despidos ou seminus em placas publicitárias instaladas em vias públicas. Segundo o Pastor Daniel, o projeto é resultado da luta do povo evangélico contra a propaganda aberta e explícita de revistas, produtos e sites na Internet destinados à exploração comercial da nudez e da pornografia, e foi elaborado em conjunto com líderes de diversas denominações, comunidades e associações evangélicas de todo o Estado de São Paulo. O outro ataque à pornografia vem de uma ala do movimento feminista que a considera como parte da agenda machista, que degrada a mulher e induz à violência contra ela. Esta ala do movimento feminista é contra a pornografia, não por valores morais ou convicções cristãs, mas porque a considera como essencialmente machista, já que são os homens que mais a consomem e são as mulheres as que mais são exploradas e humilhadas nesta indústria. Estas feministas não representam, porém, a totalidade do movimento, onde existem outras feministas que defendem a pornografia. Existem ainda movimentos isolados, dirigidos por indivíduos ou organizações não governamentais. Um exemplo é Linda Boreman, ex-atriz pornô, que usava o nome de Linda Lovelace. Após abandonar a carreira de estrela pornô, passou a atacar a indústria pornográfica por causa da exploração das mulheres. Outro exemplo é o grupo "Guerreiros Independentes contra a Pornografia Infantil", que se dedica a caçar consumidores e divulgadores da pornografia infantil pela Internet. Existem várias outras organizações sem fins lucrativos batalhando nessa cruzada. Uma delas, chamada de "Exército Cibernético de Caçadores de Pedófilos", tem mais de 10 mil membros cadastrados enviando dicas à polícia. Esses grupos são compostos por Internautas que dedicam seu tempo livre procurando manter contato com consumidores de pornografia infantil pela Internet, para afinal entregá-los à polícia. Muito embora os ataques à pornografia venham em grande parte dos círculos evangélicos, é uma triste realidade que a pornografia tem suas vítimas também dentro das igrejas evangélicas, como veremos a seguir. Evangélicos "voyeurs"? Voyeur é termo usado para descrever aqueles que têm prazer sexual observando outras pessoas nuas ou praticando relações sexuais. O voyeur não interage diretamente com o objeto do seu prazer, mas reage a ele através da masturbação. Este é o nome que se dá geralmente ao consumidor secreto de pornografia. É uma boa descrição para cristãos viciados em pornografia. Há boas razões para acreditarmos que o número de evangélicos no Brasil viciados em pornografia é preocupante. Pesquisadores estimam que nos Estados Unidos cerca de 40% dos evangélicos estão afetados. Há quem ache que este número é bem maior. Considerando que no Brasil a facilidade de se obter material pornográfico é a mesma ou até maior que nos Estados Unidos, considerando que a igreja evangélica brasileira não tem a mesma formação protestante histórica da sua irmã americana, considerando a falta de posição aberta e ativa das igrejas evangélicas brasileiras contra a pornografia como acontece nos Estados Unidos, não é exagerado dizer que provavelmente cerca de 50% dos homens evangélicos no Brasil são consumidores de pornografia. Talvez esse número seja ainda conservador diante do fato conhecido que os evangélicos no Brasil assistem mais horas de televisão por dia que muitos países de primeiro mundo, enchendo suas mentes com programas que promovem a violência e o erotismo, e assim abrindo brechas por onde a pornografia penetra e se enraíza. Mais preocupante ainda é a probabilidade de que grande parte desse percentual é de jovens adolescentes evangélicos. Uma pesquisa feita por Josh McDowell em 22 mil igrejas americanas revelou que 10% dos adolescentes haviam aprendido o que sabiam sobre sexo em revistas pornográficas. 42% deles disseram que nunca aprenderam qualquer coisa sobre o assunto através de seus pais. E outros 10% confessaram ter assistido a um filme de sexo explícito nos últimos 6 meses. Uma extrapolação, ainda que conservadora, para a realidade das igrejas brasileiras é de deixar pastores e pais em estado de alerta! Aqui no Brasil, segundo pesquisa da revista Eclésia em setembro de 2002, feita entre jovens evangélicos de 22 denominações, 52% deles já praticaram sexo pré-marital. Destes, cerca da metade mantêm uma vida sexual ativa com um ou mais parceiros. A idade média em que perderam a virgindade é de 14 anos para os rapazes e de 16 anos para as moças, o que coloca as igrejas evangélicas cada vez mais próximas dos padrões mundanos. Um detalhe: estes jovens foram todos criados nas igrejas! Infere-se que em comunidades evangélicas onde as noções de moralidade são tão mundanas quanto as dos incrédulos, não é para duvidar que o consumo de pornografia seja corrente, aceitável e tolerado. É preciso ainda notar que não são somente os homens que consomem pornografia. Mulheres cristãs também incorrem neste hábito, embora certamente numa proporção menor. Uma evangélica que se identifica como "Solitária" dá o seguinte depoimento num site evangélico: "Tenho 30 anos de idade e nunca consegui casar. Pensei que tinha direito de ser sexualmente feliz, mesmo que o Senhor não tenha me dado um marido. Isto me levou a uma longa e profunda batalha com a masturbação e a pornografia na Internet. No ano passado, quebrantei-me após ouvir um sermão sobre pureza sexual em minha igreja. Após isto, comecei um curso de 60 dias baseado em leituras da Bíblia e acompanhamento de um mentor. Finalmente me vi livre. Também coloquei um filtro contra a pornografia em meu computador”. Escândalos envolvendo líderes evangélicos revelam abertamente uma outra face do problema. Há pastores evangélicos que também são viciados em pornografia. Por causa do receio de serem apanhados e de estragarem seus ministérios, muitos pastores preferem optam por consumir pornografia como voyeurs do que praticar o adultério de fato, embora alguns acabem eventualmente caindo na infidelidade prática. Uma mulher escreve num site evangélico: "Sou divorciada, mãe de três adolescentes. Fui casada por dez anos, até que meu marido, pastor, teve um caso extra-marital. Ele era viciado em pornografia desde os doze anos de idade e lutou contra isto por muitos anos." Há diversos artigos sobre pornografia publicados em revistas americanas e européias de aconselhamento pastoral abertamente dirigidos a pastores viciados em pornografia, visando ajudá-los. Uma destas revistas, Leadership, realizou uma pesquisa entre pastores de diversas denominações evangélicas e chegou a conclusões terríveis: a cada dez pastores, quatro já haviam visitado um site pornográfico. As seguintes perguntas e respostas compuseram a pesquisa: Você já visitou um site pornográfico na Internet? 57% Nunca 7% Faz mais de um ano 9% Uma vez no ano passado 21% Algumas poucas vezes no ano 6% Duas vezes ao mês ou mais Em geral, segundo Leadership, pastores que gastavam mais tempo diante da Internet eram os que mais provavelmente visitariam sites pornográficos. Pastores são vulneráveis à tentação de entrar num site pornográfico como qualquer outra pessoa. No caso deles, talvez sejam ainda mais vulneráveis. O isolamento e a solidão geralmente acompanham o ministério pastoral. Além disto, muitos pastores negligenciam seus casamentos dedicando-se por demais às demandas do ministério. Alguns pastores podem cair nesta armadilha satânica simplesmente por curiosidade em saber o que membros da sua igreja estão consumindo na Internet e acabam sendo atraídos e enlaçados pelo poder da pornografia. Além do mais, líderes que jamais ousariam entrar numa videoteca para adquirir um vídeo pornográfico, no segredo e intimidade de seus lares e escritórios acabam cedendo às facilidades da cyber-pornografia, que é acessível, barata e anônima. As igrejas devem orar por seus pastores e líderes para que sejam livres de toda tentação. Análise Crítica dos Argumentos em Favor da Pornografia Existem diferentes argumentos usados para defender o consumo livre da pornografia. Analisemos alguns deles. 1) A pornografia como arte – Os defensores deste ponto de vista argumentam que a maldade está na mente dos que vêem material pornográfico. Em si, defendem eles, a pornografia simplesmente explora a beleza natural da nudez humana e das relações sexuais, e deveria ser vista como arte. Os que sustentam este ponto insistem que a nudez é inofensiva e também uma forma de arte. Entretanto, este argumento erra ao deixar de reconhecer que a indústria pornográfica produz bastante material sexualmente explícito onde a mulher é degradada e humilhada, onde o foco são os órgãos genitais humanos, onde adolescentes são violentados e a sodomia e o homossexualismo são divulgados. Se por um lado a nudez humana é bela, após a Queda (pecado de Adão e Eva) o Criador determinou que ela fosse encoberta (Gn 3.21), pois a inocência em que esta beleza podia ser apreciada e desfrutada (Gn 2.25) foi corrompida pelo pecado (Gn 3.7-11). A nudez, como preparação para o ato sexual, fica reservada para o casamento (cf. Levítico 18). 2) A Bíblia está muito mais preocupada com dinheiro e materialismo do que com nudez e cobiça – De acordo com este argumento, os cristãos conservadores são obcecados contra a pornografia que existe nos filmes, mas esquecem que estes também divulgam muita violência, materialismo e bruxaria. Entretanto, o argumento não é inteiramente verdadeiro. Embora a Bíblia tenha muitas passagens contra o mal uso do dinheiro, ela também tem muitas passagens contra a imoralidade sexual e a impureza mental. Devemos combater ambas as coisas. 3) Não há provas conclusivas de que a pornografia seja prejudicial – Este argumento tem sido usado pelos defensores da pornografia em resposta a relatórios de comissões governamentais de diversos países para analisar os efeitos sociais, psicológicos e econômicos da pornografia. Muitas destas comissões concluíram que existe uma relação entre o consumo da pornografia e a violência contra mulheres e crianças, o crescimento dos índices de divórcio, de doenças venéreas e da AIDS, de abortos e de mães solteiras. Os defensores da pornografia argumentam, entretanto, que esta relação não pode ser provada com critérios científicos. Porém, não são necessários critérios científicos para provar o que é óbvio, ou seja, o papel decisivo da pornografia na escalada da imoralidade e suas conseqüências danosas. Muito embora não se possa responsabilizar exclusivamente a pornografia por todos os males da sociedade, ela certamente tem contribuído para os mesmos. Ela provoca a excitação e o despertamento sexual através de imagens que contêm cenas de nudez, sexo deturpado, homossexualismo, lesbianismo, degradação e humilhação da mulher e de crianças, criando nos consumidores uma inclinação para realizar na prática aquilo que seus olhos e mentes consomem. 4) O direito de livre expressão assegura a publicação e o consumo de material pornográfico – segundo os defensores da pornografia, à censura é coisa de regimes autoritários. Nas democracias modernas se assegura o direito de expressão a todos. Isto inclui, argumentam eles, o direito de se publicar material pornográfico e o direito de se consumir este material. Porém, os cristãos submetem suas consciências primeiramente à Lei de Deus. Se por um lado as Escrituras reconhecem a individualidade e a liberdade, por outro elas traçam muitos limites claros sobre o que se pode ver e meditar e aquilo com que ocupar a mente. Por exemplo, o Senhor Jesus proíbe que se tenha fantasia sexual olhando para uma mulher com intenção impura (Mt 5.28; cf. Ex 20.17; 2Sm 11.2; Jó 31.1; Fp 4.8; etc). A liberdade individual é controlada pela Lei de Deus. O crente não é livre para ocupar sua mente com qualquer coisa que deseje o seu coração. Muito embora as leis de um país assegurem a liberdade de expressão, para os cristãos tal liberdade é regulada pelos princípios da Palavra de Deus. Outro aspecto é que em nome da liberdade de expressão os adolescentes ganham cada vez mais acesso à pornografia. Meninos de 12 a 17 anos são os maiores consumidores de pornografia, segundo estatísticas recentes. Por isto, a indústria pornográfica procura viciá-los cada vez mais, para ter uma clientela segura com o passar dos anos. 5) A pornografia pode ser usada como terapia – Esta é uma defesa radical da pornografia apresentada inclusive por setores feministas. De acordo com esta posição, o uso da pornografia, que é acompanhado geralmente pela masturbação, provê uma forma de escape sexual para aqueles que – por quaisquer motivos – não têm um parceiro sexual, como as pessoas que estão longe de casa, pessoas que enviuvaram recentemente, estão isoladas por causa de alguma enfermidade ou simplesmente porque escolheram ficar sozinhas. Entretanto, o uso de pornografia e masturbação como meio de extravasamento do impulso sexual viola os princípios da Palavra de Deus quanto à pureza sexual e o emprego da mente e de nossa sexualidade. Além da determinação das Escrituras para que os cristãos exerçam o domínio próprio nestas questões, existem outras maneiras de aliviar-se o impulso sexual, como a prática de exercícios físicos. Também, de acordo com esta argumentação, casais podem usar pornografia para melhorar suas relações, assistindo juntos a vídeos eróticos, e experimentando variação em sua vida sexual, sem ter que cometer adultério. Entretanto, do ponto de vista bíblico, o fato de um cristão assistir com seu cônjuge a vídeos pornográficos não diminui a imoralidade do ato. Continua sendo adultério uma pessoa casada excitar-se sexualmente mediante as imagens de outros homens e mulheres mantendo relações sexuais, mesmo que faça isto junto com seu cônjuge. 6) É uma forma segura de sexo – Um outro benefício da pornografia, de acordo com grupos feministas, é que permite que as mulheres descubram e experimentem a sexualidade sem correr o risco de envolver-se com parceiros que as contagiem com doenças venéreas e AIDS, engravidem ou as sujeitem a humilhações e degradação. A isto respondemos que existem alternativas bíblicas para que as mulheres desenvolvam sua sexualidade de forma saudável e correta sem ter que recorrer à pornografia e à masturbação. Por exemplo, na escolha acertada de seus cônjuges e desfrutando o sexo dentro do casamento. Podemos perceber que os argumentos em favor da pornografia não levam em conta qualquer questão de valor moral. Enfocam apenas as questões sociais e psicológicas. Os cristãos, entretanto, devem analisar esta questão e outras à luz da Palavra de Deus. Apesar de todos os argumentos em contrário, a pornografia em todas a suas formas continua sendo uma violação dos princípios bíblicos de pureza moral e sexualidade saudável e correta. Infelizmente, a consciência desta realidade nem sempre tem sido suficiente para evitar que cristãos se tornem consumidores de pornografia. O Que Tem de Mais em Ver Pornografia? Muito embora os evangélicos em geral sejam contra a pornografia (alguns apenas instintivamente) nem todos estão conscientes do perigo que ela representa. Mencionamos alguns deles em seguida: 1) Consumir deliberadamente material pornográfico é contribuir para uma das indústrias mais florescentes do mundo e que, não poucas vezes, é controlada pelo crime organizado – A indústria pornográfica é uma grande fonte de renda para o crime organizado em todo o mundo, juntamente com o jogo e as drogas, movimentando bilhões de dólares por ano. A indústria da pornografia apóia e promove a indústria da prostituição e da exploração infantil. O dinheiro que pais de família gastam com pornografia deveria ir para o sustento de suas famílias. Alguns podem alegar que consomem apenas material soft contendo somente cenas de nudez — esquecendo que esse material é produzido pela mesma indústria ilegal que comercializa a pornografia infantil. 2) Consumir deliberadamente material pornográfico deixa cicatrizes para o resto da vida – As imagens ficam gravadas a fogo na mente e continuam lá para sempre, e vêm à tona com a excitação sexual. É similar a fumantes, que mesmo tendo deixado o cigarro, permanecem com manchas nos pulmões. É isto que testemunha um ex-viciado em pornografia, cujo depoimento anônimo na revista Leadership chocou o mundo evangélico: "Trago ainda hoje as cicatrizes do meu vício, apesar de já tê-lo vencido. Há a cicatriz da ‘inocência corrompida’. A pornografia se alimenta de nossa fascinação pelo que é proibido, e sempre estamos querendo mais. Minha vida de fantasia sexual extrapolava em muito a minha vida sexual real no casamento. Eu era um ‘voyeur’, experimentando sexo na solidão e isolamento, cada vez mais me afastando da minha esposa". Mencionamos abaixo outras seqüelas da pornografia: a) Insensibilidade para com as perversões sexuais, fazendo-as parecer cotidianas e rotineiras. b) Comparação injusta entre o corpo do nosso cônjuge e aquele dos modelos apresentados no material pornográfico, provocando impotência e desinteresse sexual dentro do casamento. c) O hábito da masturbação que se alimenta da pornografia, sua matéria-prima. d) Despersonificação dos seres humanos, ao exibir seus corpos e órgãos genitais, sem que o rosto apareça. e) Hábito de desnudar as pessoas com a imaginação, ou de entreter fantasias sexuais enquanto conversa com pessoas do sexo oposto. 3) O consumo de pornografia abate e escraviza o crente – Há muitos servos e servas de Deus que estão vivendo um conflito: querem servir ao Senhor de todo coração, mas se vêem escravizados à pornografia. Esta derrota tira-lhes a vontade de ir à Igreja, participar da Escola Dominical, ler a Bíblia e orar e de testemunhar de Cristo a outros. Sobre isto, escreve o Pr. Jorge Luiz César Figueiredo em artigo na Internet: "Quando a prática [da pornografia] torna-se um círculo vicioso, torna-se algo terrível. Tenho ouvido testemunhos de jovens que lutaram muito para vencer, alguns tiveram que ser radicais e pediram aos pais para tirar o computador do quarto. Esse quadro também cria uma falta de compromisso com Deus; o jovem não quer compromisso, pois não quer pagar o preço da renúncia. Se você enquadra-se nesse perfil sabe bem do que estamos falando. O sentimento de fracasso às vezes toma conta de você e até pensa em desistir, em largar Jesus, mas como você pertence ao Cristo de Nazaré, não pode mais voltar atrás". 4) Consumir deliberadamente material pornográfico é violar todos os princípios bíblicos estabelecidos por Deus para proteger a família, a pureza e os valores morais. A própria palavra "pornografia" nos aponta essa realidade. Conforme já vimos, ela vem da palavra grega pornéia. Juntamente com mais outras três palavras (pornos, pornê e pornéuo) ela é usada no Novo Testamento para se referir à prática de relações sexuais ilícitas, imoralidade ou impureza sexual em geral. Freqüentemente essas palavras de raiz porn- aparecem em contextos ou associadas com outras palavras que especificam mais exatamente o tipo de impureza a que se referem: adultério, incesto, prostituição, fornicação, homossexualismo e lesbianismo. O Novo Testamento claramente condena a pornéia: ela é fruto da carne, procede do coração corrupto do homem, é uma ameaça à pureza sexual e devemos fugir dela, pois os que a praticam não herdarão o reino de Deus. A pornografia explora exatamente essas coisas — adultério, prostituição, homossexualismo, sado-masoquismo, masturbação, sexo oral, penetrações com objetos e — pior de tudo — pornografia infantil. De Onde Procede o Desejo de Ver Pornografia? A pergunta que fazemos é: de onde procede este desejo de olhar e consumir material obsceno? Encontraremos as repostas na Bíblia, a Palavra de Deus. Ela nos ensina que na criação Deus fez o homem e a mulher perfeitos e sem pecado e lhes deu alguns mandatos que deveriam ser obedecidos, mostrando-lhes que eram criaturas, apesar de terem sido criados perfeitos, sem pecado. Os mandatos foram estes, os quais continuam em vigor até hoje: 1. Mandato Cultural – "Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar" (Gn 2.15). O homem foi colocado por Deus no jardim para cuidar das coisas criadas. 2. Mandato Espiritual – "E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.16-17). O homem foi criado para ter comunhão com Deus. Esta comunhão estava condicionada à obediência ao que Deus havia determinado quanto a não comer da árvore. 3. Mandato Social – "Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne" (Gn 2.21-24). O homem foi criado com a capacidade de ter uma família. Este privilégio, porém, dar-se-ia dentro de algumas regras que estavam implícitas na sua própria criação: a) Monogâmico. O casamento deveria ser monogâmico, isto é, entre um homem e uma mulher ("deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher", Gn 2.24). b) Heterossexual. O casamento deveria também ser entre pessoas de sexos diferentes. c) Sexo. As relações sexuais estão diretamente ligadas ao casamento. O plano de Deus foi que o sexo fosse desfrutado dentro do ambiente seguro do casamento. Isto fica implícito na expressão: "deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne" (Gn 2.24). Porém, depois da entrada do pecado no mundo todos esses valores foram distorcidos e os mandatos divinos para o homem foram atingidos: Quanto ao mandato cultural, o homem que havia sido criado por Deus para cuidar das coisas criadas, tornou-se o próprio predador do universo. Veja como está a situação do mundo, da natureza, dos rios, dos mares! Estão todos sendo degenerados por causa do pecado do homem, por causa do próprio homem. O mandato espiritual foi igualmente atingido. O homem foi criado por Deus para ser obediente à sua vontade. Entretanto, hoje ele anda fazendo a vontade do mundo, do diabo e da carne (Ef. 2.1-3). O mesmo pode-se dizer do mandato social. O homem foi criado para ser monogâmico, heterossexual e conhecer a sua esposa sexualmente somente no casamento. Seguindo o que ocorreu com os dois primeiros mandatos de Deus depois da Queda, o mandato social foi duramente atingido pelo pecado. O homem começou a casar-se com mais de uma mulher e a cometer adultério. O apóstolo Paulo condena essa atitude: "Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne" (1Co 6.16). Depois do pecado, o homem é escravo do pecado de tal forma que as suas paixões e desejos são contrários à vontade de Deus, pois são carnais (Gn 6.1-3). Longe de Deus e da sua vontade, o homem cada vez mais se afasta das verdades de Deus e se entrega aos desejos do seu coração. Deus na sua sabedoria criou o casamento para ser fonte de procriação (Gn 1.28), de companheirismo (Gn 2.18) e de prazer (1Co 7.4-5), indicando desta maneira que o sexo não foi criado para ser fonte de prazer sem compromisso. No entanto, por causa do pecado, o homem tornou-se amante dos prazeres (2Tm 3.4), vivendo a vida para a sua própria satisfação. O descumprimento do mandato social e sua degeneração por causa do coração do homem têm levado à prática de toda sorte de imoralidades (adultério, homossexualismo e toda sorte de bestialidades). Portanto, a culpa primária pela difusão e consumo da pornografia não é da televisão nem das revistas do gênero, mas de um coração morto nos seus delitos e pecados. "Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias" (Mt 15.19). Claramente Deus afirma na sua Palavra que os que praticam tais coisas não herdarão o reino dos céus: "... prostituição, impureza, lascívia... a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam" (Gl 5.19-21). A pornografia utiliza a criação de Deus, que é o próprio ser humano, para se levantar contra Deus de tal forma que os seus membros são usados para a iniqüidade. A Bíblia, entretanto, nos convoca a oferecermos nossos membros ao serviço de Deus: "nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça" (Rm 6.13). Como Evitar e Libertar-se da Pornografia? Não precisaremos de argumentos sociais, médicos e psicológicos para justificar a necessidade de evitarmos e nos libertarmos da pornografia tais como AIDS, destruição familiar, vício, desvio financeiro para esse fim, a falta de segurança e higiene nos locais destinados a esse fim, entre muitos outros. Acreditamos que as razões bíblicas nos são suficientes para dizermos não, mesmo que tenhamos de lutar contra a nossa própria vontade e nosso próprio coração. "Aquele que quer vir após mim, a si mesmo se negue..." são as palavras de Cristo para a nossa reflexão. Uma vez que entendemos que a nossa natureza pecaminosa nos impulsiona para o mal (Rm 3.10-12), temos que buscar meios pelos quais possamos não sucumbir às muitas tentações que nos sobrevirão, cientes de que "não nos vem tentação que não seja humana, mas Deus é fiel e não permitirá que sejamos tentados além das nossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação nos proverá também o livramento, de sorte que podemos suportar" (1Co 10.13); e ainda: "naquilo que ele mesmo (Cristo) sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados" (Hb 2.18). Tais promessas de Deus são como lenitivo para a alma. Mesmo que o salário do pecado seja a morte, "o dom gratuito de Deus é a vida eterna, em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6.23). Confiados nessas verdades ficamos fortalecidos para lutar contra as nossas concupiscências e fazer a vontade de Deus, pois "Ele é poderoso para nos guardar de tropeços e para nos apresentar com exultação, imaculados, diante da Sua glória" (Jd 24). Gostaríamos, portanto, de oferecer aos nossos leitores algumas sugestões de como podemos evitar o mal que chamamos de pornografia: 1. Ter cuidado com o legalismo. Paulo escrevendo aos Colossenses diz que as doutrinas dos homens como: "não manuseies isso ou não toques naquilo... não terão valor nenhum contra a sensualidade" (Cl 2.21-23). A mera letra não nos fará fugir da tentação, se não for acompanhada de uma disposição muito forte do nosso coração de abandonarmos o prazer que a pornografia porventura nos proporcione. 2. Evitar lugares que inspirem sensualidade. Uma vez livres do legalismo, cada homem ou mulher deve conhecer suas limitações e jamais provar seus limites. Temos que deixar morrer a nossa natureza terrena (Cl 3.5-8). Aqui cabem as palavras do Salmo 1: "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores". Baseados nestas palavras sugerimos as seguintes atitudes: a) Escolher bem as amizades. Evitar aqueles amigos que tentam nos desviar, não fazendo caso da Palavra de Deus. b) Aconselhar-se com pessoas crentes e sábias, e não com os ímpios. c) Elevar os nossos pensamentos a Deus. Meditar dia a dia na Sua Palavra (Salmo 1:2). d) Fazer nosso culto particular a Deus e encher nossos pensamentos com coisas edificantes. Em Filipenses 4.8, Paulo nos ensina em que pensar: "tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso que ocupe o vosso pensamento".
Por: Rev. Augustus Nicodemus, Paulo Brasil, Samuel Vitalino
13.05.2005 12:22
O Que É Pornografia? Alguém já disse que é mais fácil reconhecer a pornografia do que defini-la. De forma geral, podemos dizer que pornografia é a representação da nudez e do comportamento sexual humano com o objetivo de produzir excitamento sexual. Esta representação é feita através de imagens animadas (filmes, vídeos, computador), fotografias, desenhos, textos escritos ou falados. A pornografia explora o sexo, tratando os seres humanos como coisas e, em particular, as mulheres como objetos sexuais. A palavra pornografia vem do grego e significa literalmente "escrever sobre prostituta". Com o tempo, passou a referir-se a qualquer material, escrito ou gráfico, de conteúdo sexual. O termo é usado hoje de forma negativa. A indústria pornográfica que produz filmes, revistas, vídeos e sites na Internet, prefere usar outros termos, como "material adulto". Esta manobra é um eufemismo que visa retirar deste sórdido comércio a pecha negativa que ele possui. É importante, porém, fazer uma distinção entre erotismo e pornografia. Existe um erotismo saudável, que consiste na exploração da sexualidade dentro do casamento. O livro de Provérbios nos traz um exemplo disto: "Bebe a água da tua própria cisterna e das correntes do teu poço. Derramar-se-iam por fora as tuas fontes, e, pelas praças, os ribeiros de águas? Sejam para ti somente e não para os estranhos contigo. Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, corça de amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias. Por que, filho meu, andarias cego pela estranha e abraçarias o peito de outra?" (Pv 5.15-20) Ou ainda, o livro de Cantares de Salomão: "Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho" (Ct 1.2). "Que belo é o teu amor, ó minha irmã, noiva minha! Quanto melhor é o teu amor do que o vinho, e o aroma dos teus ungüentos do que toda sorte de especiarias! Os teus lábios, noiva minha, destilam mel. Mel e leite se acham debaixo da tua língua, e a fragrância dos teus vestidos é como a do Líbano" (Ct 4.10-11). "Os teus beijos são como o bom vinho, vinho que se escoa suavemente para o meu amado, deslizando entre seus lábios e dentes. Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim. Vem, ó meu amado, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias. Levantemo-nos cedo de manhã para ir às vinhas; vejamos se florescem as vides, se se abre a flor, se já brotam as romeiras; dar-te-ei ali o meu amor" (Ct 7.9-12). Estas passagens mostram que o Senhor nos criou com sexualidade e que a mesma pode ser explorada e desfrutada dentro do ambiente do casamento. A pornografia é diferente, pois visa o excitamento sexual através da exibição de imagens explícitas de sexo, nudez e órgãos sexuais sem fazer qualquer distinção moral ou levar em conta adultério, prostituição, lesbianismo, além de formas pervertidas de relações sexuais. Breve Histórico da Pornografia A representação gráfica da nudez humana, bem como das relações sexuais, é algo bem antigo na história do homem. A arqueologia revelou que em muitas das paredes dos templos pagãos cananitas, que foram destruídos pelos israelitas quando conquistaram a terra por volta de 1.300 anos antes de Cristo (Lv 26.1; Nm 33.52), havia desenhos de órgãos sexuais masculinos e femininos. Essas são as formas mais antigas de pornografia que conhecemos. Os cananitas aparentemente representavam os órgãos genitais nas paredes para excitar os adoradores e estimulá-los à prática da prostituição sagrada. Os israelitas, em contraste, tinham uma atitude totalmente diferente quanto à exposição dos órgãos sexuais. Em suas Escrituras Sagradas estava escrito que Deus cuidou em cobrir a nudez do primeiro casal após a Queda (Gn 2.25; 3.7-10). Havia uma preocupação em que as vestimentas cobrissem os órgãos genitais (Ex 28.42-43), a ponto de existir uma determinação na lei de Moisés de que o sacerdote deveria ter cuidado para não subir as escadas do altar de forma a deixar que seus órgãos genitais ficassem expostos (Ex 20.26). Cão, o filho de Noé, foi condenado por ter visto a nudez de seu pai. A própria Bíblia se refere à genitália de forma reservada, usando às vezes eufemismos como "nudez" (Lv 18), "pele nua" (Ex 28.42), "membro viril" (Dt 23.1), "entre os pés" (Dt 28.57) e "parte indecorosa" (1Co 12.23), só para citar alguns exemplos. Os gregos antigos usavam temas pornográficos em canções empregadas nos festivais em honra ao deus Dionísio, séculos antes de Cristo. Nas ruínas romanas de Pompéia, destruída na erupção do Vesúvio em 79 d.C., há pinturas pornográficas nas paredes de algumas edificações representando órgãos sexuais masculinos e propaganda de serviços de prostituição. A pornografia também era usada em algumas culturas orientais antigas como Índia, Japão e China. Bastante antiga e amplamente divulgada é a obra Kama Sutra, escrita na Índia por volta do ano 2500 a.C., um manual contendo gravuras das mais grotescas formas de relação sexual. Na Europa medieval, o Decamerão (1353) do italiano Giovanni Boccaccio, obra abertamente pornográfica, tinha grande circulação. Com o advento da mídia eletrônica em décadas recentes, a pornografia passou a ser um problema social de grandes proporções. O cinema, a televisão, o vídeo e a TV a cabo se tornaram canais poderosos pelos quais todos os tipos de pornografia se tornaram amplamente disponíveis ao grande público. A partir daí a indústria pornográfica cresceu de forma massiva, pois as pessoas passaram a consumir pornografia em suas próprias casas, sem precisar ir ao cinema ou à banca de revistas. Surgiram também jogos pornográficos de computador. E mais tarde, com o advento da Internet, a disponibilidade e a facilidade de acesso à pornografia multiplicou-se de forma inimaginável. Devido ao acesso internacional e ao custo zero de copiar e baixar imagens na Internet, a cyber-pornografia tornou-se a forma mais popular de pornografia hoje. Os Diversos Tipos de Pornografia Os estudiosos do assunto, bem como os legisladores, fazem geralmente uma distinção entre diferentes tipos de pornografia, para fins de estudo e compreensão: 1. Softcore – Refere-se a material pornográfico que apresenta imagens de nudez e cenas que apenas sugerem a relação sexual. 2. Hardcore – Contém representação explícita dos órgãos genitais em cópula e de relações sexuais de toda a sorte. 3. Snuff – Fala-se ainda de vídeos snuff, onde pessoas praticam atos sexuais e depois são assassinadas. Entretanto, não se conhece nenhum exemplar destes vídeos que tenha sido distribuído comercialmente. 4. Pornografia infantil – É a representação, sob qualquer forma, de criança em ato sexual implícito ou explícito, simulado ou real, ou qualquer representação dos órgãos sexuais da criança para fins sexuais. 5. Erótica – Algumas feministas fazem uma distinção entre pornografia, que é a sujeição e degradação sexual da mulher através de imagens que representam o homem dominando e humilhando a mulher sexualmente, e a erótica, que é a representação sexual de homem e mulher em posição de igualdade e respeito mútuo. Estas distinções podem nos ajudar a entender melhor o assunto e a perceber como diferentes pessoas entendem a pornografia. Entretanto, todas as diferentes formas de pornografia têm em comum a exposição pública da nudez e das relações sexuais humanas, com vistas ao despertamento sexual indiscriminado. Por este motivo, os cristãos não devem se deixar iludir por estas distinções, como se alguma forma de pornografia fosse menos errada do que outras. A Situação Legal da Pornografia em Alguns Países A pornografia é uma das formas mais polêmicas de expressão. As sociedades vêm debatendo há muito se material pornográfico deveria ser censurado e como fazer a distinção entre nudez artística e pornografia. No ocidente, onde a liberdade de expressão é uma marca distintiva das democracias, o assunto tem se tornado ainda mais agudo. Além disto, discute-se a realidade das conseqüências sociais e psicológicas da pornografia. A situação legal da pornografia depende do país. A pornografia infantil é considerada ilegal na totalidade dos países. A legislação brasileira define pornografia infantil como sendo "cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente". A pena de reclusão é de um a quatro anos para a produção e publicação da pornografia infantil. Entretanto, a maioria dos países permite a comercialização e a distribuição de alguma forma de pornografia. No Brasil, bem como na maioria dos países, a pornografia softcore é geralmente permitida nas bancas de revista, videotecas, televisão e cinemas. A hardcore é permitida da mesma forma, mas com algumas restrições, como por exemplo, uma capa de plástico com tarjeta preta para as revistas hardcore. A maioria dos países tenta restringir o acesso de menores à pornografia hardcore, permitindo a sua comercialização somente em seções "adultas" de videotecas, livrarias e em TV a cabo. Entretanto, estes esforços têm se mostrado ineficazes para restringir o acesso da população em geral às formas de pornografia consideradas mais danosas, por causa da grande disponibilidade deste material na Internet e, obviamente, pela inclinação do coração humano a toda sorte de obscenidade. A maioria dos países ocidentais tem restrições à pornografia que envolva violência e bestialismo (sexo com animais). A Holanda e a Suécia, entretanto, permitem a venda deste material abertamente nos sex-shops e após os 15 anos de idade, os jovens podem assistir filmes pornográficos de qualquer tipo. Na Grã-Bretanha, a pornografia hardcore continua sendo ilegal, embora tolerada. No Japão, até recentemente, a exibição dos órgãos genitais era proibido, e a softcore permitida. Pode parecer, pelas diferentes atitudes dos países, que os aspectos morais relacionados com o consumo da pornografia seja uma questão cultural. Entretanto, não são apenas questões culturais que levam esses países a restringir ou permitir a pornografia. Questões financeiras e econômicas influenciam os governos. A pornografia é uma grande indústria que gera milhões de dólares anuais em impostos. A venda de material pornográfico em sex-shops – que inclui vídeos e acessórios encomendados pela Internet – representa uma boa porcentagem do dinheiro movimentado pelo e-commerce (comércio pela Internet). E estes números estão aumentando com a crescente enxurrada de obscenidade no mundo. O Crescimento da Pornografia no Mundo Uma estatística de 1995 revelou que os americanos gastam mais em pornografia do que em Coca-Cola. Não é difícil imaginar que a situação no Brasil não é muito diferente. Um país antigamente fechado, como a China, em 1993 assistiu a uma enxurrada de material pornográfico em seus limites após ter aberto, mesmo que um pouco, as suas fronteiras para receber ajuda estrangeira. Mensalmente, cerca de 8 milhões de cópias de revistas pornográficas circulam no Brasil. Em 1994 a venda de vídeos pornôs chegou perto de 500 milhões de dólares. Não é de se admirar que as locadoras reservem cada vez mais espaço nas prateleiras para vídeos pornôs. Segundo uma pesquisa em 1992, um em cada quatro brasileiros assistiu a um filme de sexo explícito. O mesmo fizeram 13% das mulheres entrevistadas. Em 1995 esse número dobrou para os homens e aumentou um pouco em relação às mulheres. Recentes estatísticas mostram o crescimento destes números. Diversos acontecimentos recentes ao redor do mundo indicam o avanço contínuo da pornografia. O mundo está sendo inundado com uma enxurrada de imundícia. Vejamos alguns destes indícios. 1) Os governos aumentam cada vez mais a legalidade da pornografia – Um exemplo é que em abril de 2002 o Supremo Tribunal dos Estados Unidos revogou a Lei da Prevenção da Pornografia Infantil que havia sido promulgada pelo Congresso em 1966. O argumento usado pelo Supremo Tribunal foi que a liberdade de expressão estava sendo suprimida. A decisão reflete a tendência cada vez maior para a legalização de todas as formas de pornografia. 2) As estatísticas mais recentes mostram o crescimento vertiginoso da indústria pornográfica – Segundo estudos publicados em maio de 2002, há mais de 400.000 sites pornográficos na Internet em todo o mundo, e cerca de 70 milhões de pessoas visitam ao menos um site pornográfico por semana. Este crescimento é atestado por outras estatísticas. Em 2002, o Observatório para a Publicidade do Instituto da Mulher, em Paris, recebeu 710 denúncias contra mensagens sexistas, o dobro das denúncias recebidas em 2000. 80% destas denúncias tinham a ver com a exploração do corpo feminino em propaganda de produtos. Neste mesmo ano, em Bruxelas, a ONU publicou relatório denunciando que milhões de pessoas em todo o mundo – a metade sendo de crianças e uma outra grande parte de jovens mulheres – são exploradas sexualmente, o que obviamente se refere não somente à prostituição, mas à pornografia. Ainda em outubro de 2002, em Barcelona, a Feira Internacional do Cine Erótico exibiu ao vivo relações sexuais pervertidas aos participantes da Feira. 3) O fracasso das estratégias governamentais em conter o avanço da imoralidade – Conforme estudo do Jornal Médico Britânico publicado na Inglaterra em 2002, as campanhas governamentais de prevenção da gravidez de adolescentes estavam fracassando redondamente. A famosa rádio BBC de Londres veiculou em 2002 que o governo inglês estava preocupado por não conseguir conter a enxurrada de material pornográfico que atinge diariamente os adolescentes ingleses pela Internet. De cada dez mensagens que recebem, uma delas é pornográfica ou remete a algum site pornográfico. A mesma frustração do governo inglês certamente se sente nos governos de outros países. 4) A constatação de danos cada vez maiores causados pela pornografia – Continuamente surgem relatórios de diversos quadrantes mostrando novos danos causados pela pornografia. Por exemplo, os estudos do professor Richard Drake da Universidade Brigham Young nos Estados Unidos, indicam que a pornografia pode ter efeitos na mente similares ao da cocaína, produzindo dependência e distúrbios mentais. Em Paris, numa reunião com mais de 1700 psicanalistas de 31 paises para tratar de novas formas de neuroses, destacou-se o fato de que cresce cada vez mais o número de pessoas viciadas em sexo, um problema que foi considerado como uma enfermidade psicológica, cujas conseqüências são a ruína econômica, problemas no casamento e em relações, problemas no trabalho, ansiedade e depressão. Todas estas evidências apontam para uma avalanche da imoralidade em todo o mundo, da qual a pornografia é o carro chefe. Além dos evidentes problemas espirituais que a pornografia causa, também contribui largamente para o crescimento da violência em todo o mundo. Não são poucos os relatórios feitos por comissões de pesquisadores que denunciam a estreita relação entre a pornografia e a crescente onda de estupros, assédio sexual e exploração infantil nos países "civilizados". Vários dos temas mais comuns em pornografia do tipo hardcore incluem cenas de seqüestro e estupro de mulheres, geralmente com espancamento e tortura, além de outras formas obscenas de degradação. A mensagem que a pornografia passa aos consumidores é que quando a mulher diz "não" na verdade está dizendo "sim", e que se o estuprador insistir, ela não somente aceitará como também passará a gostar. Assim, a violência contra a mulher é exposta como algo válido e normal. Estudos de especialistas mostram que 82% dos encarcerados por crimes sexuais contra crianças e adolescentes admitiram que eram consumidores regulares de material pornográfico. Só nos Estados Unidos, o número conhecido de estupros pela polícia cresceu 500% em menos de 30 anos, o que corresponde ao aumento da popularidade do material pornográfico e da facilidade para ser encontrado. Cerca de 86% dos condenados por estupro admitiram imitação direta das cenas pornográficas que assistiam regularmente. Movimentos Anti-Pornografia O crescimento vertiginoso da disponibilidade da pornografia e os seus efeitos tem levantado reações no mundo todo. As críticas e ataques à indústria pornográfica e aos seus consumidores vêm geralmente de religiosos conservadores e do movimento feminista. Evangélicos e católicos têm atacado fortemente a indústria da pornografia, especialmente nos países onde o cristianismo conservador exerce alguma força política. Os argumentos usados pelos religiosos contra a pornografia é que a mesma é imoral, que o sexo é reservado para o casamento e que a pornografia aumenta o comportamento imoral e a violência da sociedade. No Brasil há esforços isolados por parte dos evangélicos, já que não têm um representante nacional. Por exemplo, o deputado evangélico Pastor Daniel Marins lançou na Assembléia Legislativa de São Paulo, em 2001, um projeto de lei que proíbe a exposição de modelos, masculinos ou femininos, despidos ou seminus em placas publicitárias instaladas em vias públicas. Segundo o Pastor Daniel, o projeto é resultado da luta do povo evangélico contra a propaganda aberta e explícita de revistas, produtos e sites na Internet destinados à exploração comercial da nudez e da pornografia, e foi elaborado em conjunto com líderes de diversas denominações, comunidades e associações evangélicas de todo o Estado de São Paulo. O outro ataque à pornografia vem de uma ala do movimento feminista que a considera como parte da agenda machista, que degrada a mulher e induz à violência contra ela. Esta ala do movimento feminista é contra a pornografia, não por valores morais ou convicções cristãs, mas porque a considera como essencialmente machista, já que são os homens que mais a consomem e são as mulheres as que mais são exploradas e humilhadas nesta indústria. Estas feministas não representam, porém, a totalidade do movimento, onde existem outras feministas que defendem a pornografia. Existem ainda movimentos isolados, dirigidos por indivíduos ou organizações não governamentais. Um exemplo é Linda Boreman, ex-atriz pornô, que usava o nome de Linda Lovelace. Após abandonar a carreira de estrela pornô, passou a atacar a indústria pornográfica por causa da exploração das mulheres. Outro exemplo é o grupo "Guerreiros Independentes contra a Pornografia Infantil", que se dedica a caçar consumidores e divulgadores da pornografia infantil pela Internet. Existem várias outras organizações sem fins lucrativos batalhando nessa cruzada. Uma delas, chamada de "Exército Cibernético de Caçadores de Pedófilos", tem mais de 10 mil membros cadastrados enviando dicas à polícia. Esses grupos são compostos por Internautas que dedicam seu tempo livre procurando manter contato com consumidores de pornografia infantil pela Internet, para afinal entregá-los à polícia. Muito embora os ataques à pornografia venham em grande parte dos círculos evangélicos, é uma triste realidade que a pornografia tem suas vítimas também dentro das igrejas evangélicas, como veremos a seguir. Evangélicos "voyeurs"? Voyeur é termo usado para descrever aqueles que têm prazer sexual observando outras pessoas nuas ou praticando relações sexuais. O voyeur não interage diretamente com o objeto do seu prazer, mas reage a ele através da masturbação. Este é o nome que se dá geralmente ao consumidor secreto de pornografia. É uma boa descrição para cristãos viciados em pornografia. Há boas razões para acreditarmos que o número de evangélicos no Brasil viciados em pornografia é preocupante. Pesquisadores estimam que nos Estados Unidos cerca de 40% dos evangélicos estão afetados. Há quem ache que este número é bem maior. Considerando que no Brasil a facilidade de se obter material pornográfico é a mesma ou até maior que nos Estados Unidos, considerando que a igreja evangélica brasileira não tem a mesma formação protestante histórica da sua irmã americana, considerando a falta de posição aberta e ativa das igrejas evangélicas brasileiras contra a pornografia como acontece nos Estados Unidos, não é exagerado dizer que provavelmente cerca de 50% dos homens evangélicos no Brasil são consumidores de pornografia. Talvez esse número seja ainda conservador diante do fato conhecido que os evangélicos no Brasil assistem mais horas de televisão por dia que muitos países de primeiro mundo, enchendo suas mentes com programas que promovem a violência e o erotismo, e assim abrindo brechas por onde a pornografia penetra e se enraíza. Mais preocupante ainda é a probabilidade de que grande parte desse percentual é de jovens adolescentes evangélicos. Uma pesquisa feita por Josh McDowell em 22 mil igrejas americanas revelou que 10% dos adolescentes haviam aprendido o que sabiam sobre sexo em revistas pornográficas. 42% deles disseram que nunca aprenderam qualquer coisa sobre o assunto através de seus pais. E outros 10% confessaram ter assistido a um filme de sexo explícito nos últimos 6 meses. Uma extrapolação, ainda que conservadora, para a realidade das igrejas brasileiras é de deixar pastores e pais em estado de alerta! Aqui no Brasil, segundo pesquisa da revista Eclésia em setembro de 2002, feita entre jovens evangélicos de 22 denominações, 52% deles já praticaram sexo pré-marital. Destes, cerca da metade mantêm uma vida sexual ativa com um ou mais parceiros. A idade média em que perderam a virgindade é de 14 anos para os rapazes e de 16 anos para as moças, o que coloca as igrejas evangélicas cada vez mais próximas dos padrões mundanos. Um detalhe: estes jovens foram todos criados nas igrejas! Infere-se que em comunidades evangélicas onde as noções de moralidade são tão mundanas quanto as dos incrédulos, não é para duvidar que o consumo de pornografia seja corrente, aceitável e tolerado. É preciso ainda notar que não são somente os homens que consomem pornografia. Mulheres cristãs também incorrem neste hábito, embora certamente numa proporção menor. Uma evangélica que se identifica como "Solitária" dá o seguinte depoimento num site evangélico: "Tenho 30 anos de idade e nunca consegui casar. Pensei que tinha direito de ser sexualmente feliz, mesmo que o Senhor não tenha me dado um marido. Isto me levou a uma longa e profunda batalha com a masturbação e a pornografia na Internet. No ano passado, quebrantei-me após ouvir um sermão sobre pureza sexual em minha igreja. Após isto, comecei um curso de 60 dias baseado em leituras da Bíblia e acompanhamento de um mentor. Finalmente me vi livre. Também coloquei um filtro contra a pornografia em meu computador”. Escândalos envolvendo líderes evangélicos revelam abertamente uma outra face do problema. Há pastores evangélicos que também são viciados em pornografia. Por causa do receio de serem apanhados e de estragarem seus ministérios, muitos pastores preferem optam por consumir pornografia como voyeurs do que praticar o adultério de fato, embora alguns acabem eventualmente caindo na infidelidade prática. Uma mulher escreve num site evangélico: "Sou divorciada, mãe de três adolescentes. Fui casada por dez anos, até que meu marido, pastor, teve um caso extra-marital. Ele era viciado em pornografia desde os doze anos de idade e lutou contra isto por muitos anos." Há diversos artigos sobre pornografia publicados em revistas americanas e européias de aconselhamento pastoral abertamente dirigidos a pastores viciados em pornografia, visando ajudá-los. Uma destas revistas, Leadership, realizou uma pesquisa entre pastores de diversas denominações evangélicas e chegou a conclusões terríveis: a cada dez pastores, quatro já haviam visitado um site pornográfico. As seguintes perguntas e respostas compuseram a pesquisa: Você já visitou um site pornográfico na Internet? 57% Nunca 7% Faz mais de um ano 9% Uma vez no ano passado 21% Algumas poucas vezes no ano 6% Duas vezes ao mês ou mais Em geral, segundo Leadership, pastores que gastavam mais tempo diante da Internet eram os que mais provavelmente visitariam sites pornográficos. Pastores são vulneráveis à tentação de entrar num site pornográfico como qualquer outra pessoa. No caso deles, talvez sejam ainda mais vulneráveis. O isolamento e a solidão geralmente acompanham o ministério pastoral. Além disto, muitos pastores negligenciam seus casamentos dedicando-se por demais às demandas do ministério. Alguns pastores podem cair nesta armadilha satânica simplesmente por curiosidade em saber o que membros da sua igreja estão consumindo na Internet e acabam sendo atraídos e enlaçados pelo poder da pornografia. Além do mais, líderes que jamais ousariam entrar numa videoteca para adquirir um vídeo pornográfico, no segredo e intimidade de seus lares e escritórios acabam cedendo às facilidades da cyber-pornografia, que é acessível, barata e anônima. As igrejas devem orar por seus pastores e líderes para que sejam livres de toda tentação. Análise Crítica dos Argumentos em Favor da Pornografia Existem diferentes argumentos usados para defender o consumo livre da pornografia. Analisemos alguns deles. 1) A pornografia como arte – Os defensores deste ponto de vista argumentam que a maldade está na mente dos que vêem material pornográfico. Em si, defendem eles, a pornografia simplesmente explora a beleza natural da nudez humana e das relações sexuais, e deveria ser vista como arte. Os que sustentam este ponto insistem que a nudez é inofensiva e também uma forma de arte. Entretanto, este argumento erra ao deixar de reconhecer que a indústria pornográfica produz bastante material sexualmente explícito onde a mulher é degradada e humilhada, onde o foco são os órgãos genitais humanos, onde adolescentes são violentados e a sodomia e o homossexualismo são divulgados. Se por um lado a nudez humana é bela, após a Queda (pecado de Adão e Eva) o Criador determinou que ela fosse encoberta (Gn 3.21), pois a inocência em que esta beleza podia ser apreciada e desfrutada (Gn 2.25) foi corrompida pelo pecado (Gn 3.7-11). A nudez, como preparação para o ato sexual, fica reservada para o casamento (cf. Levítico 18). 2) A Bíblia está muito mais preocupada com dinheiro e materialismo do que com nudez e cobiça – De acordo com este argumento, os cristãos conservadores são obcecados contra a pornografia que existe nos filmes, mas esquecem que estes também divulgam muita violência, materialismo e bruxaria. Entretanto, o argumento não é inteiramente verdadeiro. Embora a Bíblia tenha muitas passagens contra o mal uso do dinheiro, ela também tem muitas passagens contra a imoralidade sexual e a impureza mental. Devemos combater ambas as coisas. 3) Não há provas conclusivas de que a pornografia seja prejudicial – Este argumento tem sido usado pelos defensores da pornografia em resposta a relatórios de comissões governamentais de diversos países para analisar os efeitos sociais, psicológicos e econômicos da pornografia. Muitas destas comissões concluíram que existe uma relação entre o consumo da pornografia e a violência contra mulheres e crianças, o crescimento dos índices de divórcio, de doenças venéreas e da AIDS, de abortos e de mães solteiras. Os defensores da pornografia argumentam, entretanto, que esta relação não pode ser provada com critérios científicos. Porém, não são necessários critérios científicos para provar o que é óbvio, ou seja, o papel decisivo da pornografia na escalada da imoralidade e suas conseqüências danosas. Muito embora não se possa responsabilizar exclusivamente a pornografia por todos os males da sociedade, ela certamente tem contribuído para os mesmos. Ela provoca a excitação e o despertamento sexual através de imagens que contêm cenas de nudez, sexo deturpado, homossexualismo, lesbianismo, degradação e humilhação da mulher e de crianças, criando nos consumidores uma inclinação para realizar na prática aquilo que seus olhos e mentes consomem. 4) O direito de livre expressão assegura a publicação e o consumo de material pornográfico – segundo os defensores da pornografia, à censura é coisa de regimes autoritários. Nas democracias modernas se assegura o direito de expressão a todos. Isto inclui, argumentam eles, o direito de se publicar material pornográfico e o direito de se consumir este material. Porém, os cristãos submetem suas consciências primeiramente à Lei de Deus. Se por um lado as Escrituras reconhecem a individualidade e a liberdade, por outro elas traçam muitos limites claros sobre o que se pode ver e meditar e aquilo com que ocupar a mente. Por exemplo, o Senhor Jesus proíbe que se tenha fantasia sexual olhando para uma mulher com intenção impura (Mt 5.28; cf. Ex 20.17; 2Sm 11.2; Jó 31.1; Fp 4.8; etc). A liberdade individual é controlada pela Lei de Deus. O crente não é livre para ocupar sua mente com qualquer coisa que deseje o seu coração. Muito embora as leis de um país assegurem a liberdade de expressão, para os cristãos tal liberdade é regulada pelos princípios da Palavra de Deus. Outro aspecto é que em nome da liberdade de expressão os adolescentes ganham cada vez mais acesso à pornografia. Meninos de 12 a 17 anos são os maiores consumidores de pornografia, segundo estatísticas recentes. Por isto, a indústria pornográfica procura viciá-los cada vez mais, para ter uma clientela segura com o passar dos anos. 5) A pornografia pode ser usada como terapia – Esta é uma defesa radical da pornografia apresentada inclusive por setores feministas. De acordo com esta posição, o uso da pornografia, que é acompanhado geralmente pela masturbação, provê uma forma de escape sexual para aqueles que – por quaisquer motivos – não têm um parceiro sexual, como as pessoas que estão longe de casa, pessoas que enviuvaram recentemente, estão isoladas por causa de alguma enfermidade ou simplesmente porque escolheram ficar sozinhas. Entretanto, o uso de pornografia e masturbação como meio de extravasamento do impulso sexual viola os princípios da Palavra de Deus quanto à pureza sexual e o emprego da mente e de nossa sexualidade. Além da determinação das Escrituras para que os cristãos exerçam o domínio próprio nestas questões, existem outras maneiras de aliviar-se o impulso sexual, como a prática de exercícios físicos. Também, de acordo com esta argumentação, casais podem usar pornografia para melhorar suas relações, assistindo juntos a vídeos eróticos, e experimentando variação em sua vida sexual, sem ter que cometer adultério. Entretanto, do ponto de vista bíblico, o fato de um cristão assistir com seu cônjuge a vídeos pornográficos não diminui a imoralidade do ato. Continua sendo adultério uma pessoa casada excitar-se sexualmente mediante as imagens de outros homens e mulheres mantendo relações sexuais, mesmo que faça isto junto com seu cônjuge. 6) É uma forma segura de sexo – Um outro benefício da pornografia, de acordo com grupos feministas, é que permite que as mulheres descubram e experimentem a sexualidade sem correr o risco de envolver-se com parceiros que as contagiem com doenças venéreas e AIDS, engravidem ou as sujeitem a humilhações e degradação. A isto respondemos que existem alternativas bíblicas para que as mulheres desenvolvam sua sexualidade de forma saudável e correta sem ter que recorrer à pornografia e à masturbação. Por exemplo, na escolha acertada de seus cônjuges e desfrutando o sexo dentro do casamento. Podemos perceber que os argumentos em favor da pornografia não levam em conta qualquer questão de valor moral. Enfocam apenas as questões sociais e psicológicas. Os cristãos, entretanto, devem analisar esta questão e outras à luz da Palavra de Deus. Apesar de todos os argumentos em contrário, a pornografia em todas a suas formas continua sendo uma violação dos princípios bíblicos de pureza moral e sexualidade saudável e correta. Infelizmente, a consciência desta realidade nem sempre tem sido suficiente para evitar que cristãos se tornem consumidores de pornografia. O Que Tem de Mais em Ver Pornografia? Muito embora os evangélicos em geral sejam contra a pornografia (alguns apenas instintivamente) nem todos estão conscientes do perigo que ela representa. Mencionamos alguns deles em seguida: 1) Consumir deliberadamente material pornográfico é contribuir para uma das indústrias mais florescentes do mundo e que, não poucas vezes, é controlada pelo crime organizado – A indústria pornográfica é uma grande fonte de renda para o crime organizado em todo o mundo, juntamente com o jogo e as drogas, movimentando bilhões de dólares por ano. A indústria da pornografia apóia e promove a indústria da prostituição e da exploração infantil. O dinheiro que pais de família gastam com pornografia deveria ir para o sustento de suas famílias. Alguns podem alegar que consomem apenas material soft contendo somente cenas de nudez — esquecendo que esse material é produzido pela mesma indústria ilegal que comercializa a pornografia infantil. 2) Consumir deliberadamente material pornográfico deixa cicatrizes para o resto da vida – As imagens ficam gravadas a fogo na mente e continuam lá para sempre, e vêm à tona com a excitação sexual. É similar a fumantes, que mesmo tendo deixado o cigarro, permanecem com manchas nos pulmões. É isto que testemunha um ex-viciado em pornografia, cujo depoimento anônimo na revista Leadership chocou o mundo evangélico: "Trago ainda hoje as cicatrizes do meu vício, apesar de já tê-lo vencido. Há a cicatriz da ‘inocência corrompida’. A pornografia se alimenta de nossa fascinação pelo que é proibido, e sempre estamos querendo mais. Minha vida de fantasia sexual extrapolava em muito a minha vida sexual real no casamento. Eu era um ‘voyeur’, experimentando sexo na solidão e isolamento, cada vez mais me afastando da minha esposa". Mencionamos abaixo outras seqüelas da pornografia: a) Insensibilidade para com as perversões sexuais, fazendo-as parecer cotidianas e rotineiras. b) Comparação injusta entre o corpo do nosso cônjuge e aquele dos modelos apresentados no material pornográfico, provocando impotência e desinteresse sexual dentro do casamento. c) O hábito da masturbação que se alimenta da pornografia, sua matéria-prima. d) Despersonificação dos seres humanos, ao exibir seus corpos e órgãos genitais, sem que o rosto apareça. e) Hábito de desnudar as pessoas com a imaginação, ou de entreter fantasias sexuais enquanto conversa com pessoas do sexo oposto. 3) O consumo de pornografia abate e escraviza o crente – Há muitos servos e servas de Deus que estão vivendo um conflito: querem servir ao Senhor de todo coração, mas se vêem escravizados à pornografia. Esta derrota tira-lhes a vontade de ir à Igreja, participar da Escola Dominical, ler a Bíblia e orar e de testemunhar de Cristo a outros. Sobre isto, escreve o Pr. Jorge Luiz César Figueiredo em artigo na Internet: "Quando a prática [da pornografia] torna-se um círculo vicioso, torna-se algo terrível. Tenho ouvido testemunhos de jovens que lutaram muito para vencer, alguns tiveram que ser radicais e pediram aos pais para tirar o computador do quarto. Esse quadro também cria uma falta de compromisso com Deus; o jovem não quer compromisso, pois não quer pagar o preço da renúncia. Se você enquadra-se nesse perfil sabe bem do que estamos falando. O sentimento de fracasso às vezes toma conta de você e até pensa em desistir, em largar Jesus, mas como você pertence ao Cristo de Nazaré, não pode mais voltar atrás". 4) Consumir deliberadamente material pornográfico é violar todos os princípios bíblicos estabelecidos por Deus para proteger a família, a pureza e os valores morais. A própria palavra "pornografia" nos aponta essa realidade. Conforme já vimos, ela vem da palavra grega pornéia. Juntamente com mais outras três palavras (pornos, pornê e pornéuo) ela é usada no Novo Testamento para se referir à prática de relações sexuais ilícitas, imoralidade ou impureza sexual em geral. Freqüentemente essas palavras de raiz porn- aparecem em contextos ou associadas com outras palavras que especificam mais exatamente o tipo de impureza a que se referem: adultério, incesto, prostituição, fornicação, homossexualismo e lesbianismo. O Novo Testamento claramente condena a pornéia: ela é fruto da carne, procede do coração corrupto do homem, é uma ameaça à pureza sexual e devemos fugir dela, pois os que a praticam não herdarão o reino de Deus. A pornografia explora exatamente essas coisas — adultério, prostituição, homossexualismo, sado-masoquismo, masturbação, sexo oral, penetrações com objetos e — pior de tudo — pornografia infantil. De Onde Procede o Desejo de Ver Pornografia? A pergunta que fazemos é: de onde procede este desejo de olhar e consumir material obsceno? Encontraremos as repostas na Bíblia, a Palavra de Deus. Ela nos ensina que na criação Deus fez o homem e a mulher perfeitos e sem pecado e lhes deu alguns mandatos que deveriam ser obedecidos, mostrando-lhes que eram criaturas, apesar de terem sido criados perfeitos, sem pecado. Os mandatos foram estes, os quais continuam em vigor até hoje: 1. Mandato Cultural – "Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar" (Gn 2.15). O homem foi colocado por Deus no jardim para cuidar das coisas criadas. 2. Mandato Espiritual – "E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.16-17). O homem foi criado para ter comunhão com Deus. Esta comunhão estava condicionada à obediência ao que Deus havia determinado quanto a não comer da árvore. 3. Mandato Social – "Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe. E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne" (Gn 2.21-24). O homem foi criado com a capacidade de ter uma família. Este privilégio, porém, dar-se-ia dentro de algumas regras que estavam implícitas na sua própria criação: a) Monogâmico. O casamento deveria ser monogâmico, isto é, entre um homem e uma mulher ("deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher", Gn 2.24). b) Heterossexual. O casamento deveria também ser entre pessoas de sexos diferentes. c) Sexo. As relações sexuais estão diretamente ligadas ao casamento. O plano de Deus foi que o sexo fosse desfrutado dentro do ambiente seguro do casamento. Isto fica implícito na expressão: "deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne" (Gn 2.24). Porém, depois da entrada do pecado no mundo todos esses valores foram distorcidos e os mandatos divinos para o homem foram atingidos: Quanto ao mandato cultural, o homem que havia sido criado por Deus para cuidar das coisas criadas, tornou-se o próprio predador do universo. Veja como está a situação do mundo, da natureza, dos rios, dos mares! Estão todos sendo degenerados por causa do pecado do homem, por causa do próprio homem. O mandato espiritual foi igualmente atingido. O homem foi criado por Deus para ser obediente à sua vontade. Entretanto, hoje ele anda fazendo a vontade do mundo, do diabo e da carne (Ef. 2.1-3). O mesmo pode-se dizer do mandato social. O homem foi criado para ser monogâmico, heterossexual e conhecer a sua esposa sexualmente somente no casamento. Seguindo o que ocorreu com os dois primeiros mandatos de Deus depois da Queda, o mandato social foi duramente atingido pelo pecado. O homem começou a casar-se com mais de uma mulher e a cometer adultério. O apóstolo Paulo condena essa atitude: "Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne" (1Co 6.16). Depois do pecado, o homem é escravo do pecado de tal forma que as suas paixões e desejos são contrários à vontade de Deus, pois são carnais (Gn 6.1-3). Longe de Deus e da sua vontade, o homem cada vez mais se afasta das verdades de Deus e se entrega aos desejos do seu coração. Deus na sua sabedoria criou o casamento para ser fonte de procriação (Gn 1.28), de companheirismo (Gn 2.18) e de prazer (1Co 7.4-5), indicando desta maneira que o sexo não foi criado para ser fonte de prazer sem compromisso. No entanto, por causa do pecado, o homem tornou-se amante dos prazeres (2Tm 3.4), vivendo a vida para a sua própria satisfação. O descumprimento do mandato social e sua degeneração por causa do coração do homem têm levado à prática de toda sorte de imoralidades (adultério, homossexualismo e toda sorte de bestialidades). Portanto, a culpa primária pela difusão e consumo da pornografia não é da televisão nem das revistas do gênero, mas de um coração morto nos seus delitos e pecados. "Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias" (Mt 15.19). Claramente Deus afirma na sua Palavra que os que praticam tais coisas não herdarão o reino dos céus: "... prostituição, impureza, lascívia... a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam" (Gl 5.19-21). A pornografia utiliza a criação de Deus, que é o próprio ser humano, para se levantar contra Deus de tal forma que os seus membros são usados para a iniqüidade. A Bíblia, entretanto, nos convoca a oferecermos nossos membros ao serviço de Deus: "nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça" (Rm 6.13). Como Evitar e Libertar-se da Pornografia? Não precisaremos de argumentos sociais, médicos e psicológicos para justificar a necessidade de evitarmos e nos libertarmos da pornografia tais como AIDS, destruição familiar, vício, desvio financeiro para esse fim, a falta de segurança e higiene nos locais destinados a esse fim, entre muitos outros. Acreditamos que as razões bíblicas nos são suficientes para dizermos não, mesmo que tenhamos de lutar contra a nossa própria vontade e nosso próprio coração. "Aquele que quer vir após mim, a si mesmo se negue..." são as palavras de Cristo para a nossa reflexão. Uma vez que entendemos que a nossa natureza pecaminosa nos impulsiona para o mal (Rm 3.10-12), temos que buscar meios pelos quais possamos não sucumbir às muitas tentações que nos sobrevirão, cientes de que "não nos vem tentação que não seja humana, mas Deus é fiel e não permitirá que sejamos tentados além das nossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação nos proverá também o livramento, de sorte que podemos suportar" (1Co 10.13); e ainda: "naquilo que ele mesmo (Cristo) sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados" (Hb 2.18). Tais promessas de Deus são como lenitivo para a alma. Mesmo que o salário do pecado seja a morte, "o dom gratuito de Deus é a vida eterna, em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6.23). Confiados nessas verdades ficamos fortalecidos para lutar contra as nossas concupiscências e fazer a vontade de Deus, pois "Ele é poderoso para nos guardar de tropeços e para nos apresentar com exultação, imaculados, diante da Sua glória" (Jd 24). Gostaríamos, portanto, de oferecer aos nossos leitores algumas sugestões de como podemos evitar o mal que chamamos de pornografia: 1. Ter cuidado com o legalismo. Paulo escrevendo aos Colossenses diz que as doutrinas dos homens como: "não manuseies isso ou não toques naquilo... não terão valor nenhum contra a sensualidade" (Cl 2.21-23). A mera letra não nos fará fugir da tentação, se não for acompanhada de uma disposição muito forte do nosso coração de abandonarmos o prazer que a pornografia porventura nos proporcione. 2. Evitar lugares que inspirem sensualidade. Uma vez livres do legalismo, cada homem ou mulher deve conhecer suas limitações e jamais provar seus limites. Temos que deixar morrer a nossa natureza terrena (Cl 3.5-8). Aqui cabem as palavras do Salmo 1: "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores". Baseados nestas palavras sugerimos as seguintes atitudes: a) Escolher bem as amizades. Evitar aqueles amigos que tentam nos desviar, não fazendo caso da Palavra de Deus. b) Aconselhar-se com pessoas crentes e sábias, e não com os ímpios. c) Elevar os nossos pensamentos a Deus. Meditar dia a dia na Sua Palavra (Salmo 1:2). d) Fazer nosso culto particular a Deus e encher nossos pensamentos com coisas edificantes. Em Filipenses 4.8, Paulo nos ensina em que pensar: "tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso que ocupe o vosso pensamento".
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Não sou eficiente!
REFLEXÃO
Não sou eficiente!
Marcelo Gomes
Publicado em 13.10.2009
Não sou eficiente. Bem que já tentei, mas não consigo. Eficiência é virtude difícil, rara. Transforma gente comum em agência de alta produtividade e pouco desperdício. É um tipo de especialização naquilo que se faz todo dia. Padrão de atuação, ritmo, rotina. Uma pessoa eficiente desempenha com excelência o que lhe cabe diariamente. Ninguém faz aquilo melhor do que ela.Não sou eficiente porque oscilo muito. Desanimo, com alguma facilidade. Caio de produção. Canso, decepciono-me, frustro-me. Não me dou muito bem com essa coisa de ser máquina. Não estou sempre bem. Não tenho sempre um sorriso. Não correspondo todas as expectativas sobre mim. Há dias em que não desejo levantar da cama. Já pensei, e não poucas vezes, em jogar tudo para o alto.Um dia me disseram que eu deveria ser eficaz, não eficiente. A eficiência não é criativa, mas monótona. Reproduz, repete, insiste. Até aperfeiçoa-se, mas não se transforma. A eficácia é diferente, inovadora, certeira, maleável. Uma pessoa eficaz assume responsabilidades, as mais diversas, e atinge os objetivos. Se não é especialista em algo, cerca-se de quem o seja e cumpre seu dever. Sabe solucionar problemas e construir relacionamentos. Jamais deixa de produzir os resultados desejados.Mas também não sou eficaz. Ah, como gostaria de ser! Erro mais que acerto, julgo equivocadamente, precipito-me. Produzo aquém do que consideram – ou considero – meu verdadeiro potencial e não tenho clareza a respeito do que é fundamental. Chego aos resultados questionando-me sobre sua validade; penitenciando-me por valores que deixei pelo caminho. Arrependo-me. Defendo-me. Não me compreendo.Contudo, não desespero. Tenho salvação. Creio em Deus e reconheço minha dependência de seu Espírito Santo. Confio em sua eficácia: ofereceu-se uma vez por todas e salvou-me uma vez por todas. Redimiu minha vida, fazendo-me assentar nos lugares celestiais. Seu sopro me impulsiona, cria e recria em mim aquilo que há de mais importante. Estou seguro em suas mãos e sei que posso ser usado para a sua glória.Confio na eficiência do Senhor, sua completude. Não desanima, não desiste, não desampara jamais. Faz nascer seu sol todos os dias, sobre maus e bons. A cada manhã renova suas misericórdias. Fala, ensina, corrige e disciplina. Sobretudo aos que ama. Seu poder levanta o caído e sua graça anima o abatido. Ele faz os meus pés como os da corça e me faz andar altaneiramente.A mim, portanto, resta o efetivo. Resta-me ser efetivo, verdadeiro, real. Consciente de minhas limitações e dependente da direção de Deus. Consagrado. O efetivo também produz, também tem seu valor. Mas é um valor relativo, dependente: é efetivo quando usado corretamente! Nas palavras do apóstolo Paulo: “o bem que quero fazer, não faço (ineficácia: errar o alvo); o mal que detesto, pratico (ineficiência: fazer o malfeito). Miserável homem que sou; quem me livrará do corpo dessa morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor".Seja Cristo a nos usar! Efetivamente! Eficazmente! Eficientemente! E para a sua glória!
Não sou eficiente!
Marcelo Gomes
Publicado em 13.10.2009
Não sou eficiente. Bem que já tentei, mas não consigo. Eficiência é virtude difícil, rara. Transforma gente comum em agência de alta produtividade e pouco desperdício. É um tipo de especialização naquilo que se faz todo dia. Padrão de atuação, ritmo, rotina. Uma pessoa eficiente desempenha com excelência o que lhe cabe diariamente. Ninguém faz aquilo melhor do que ela.Não sou eficiente porque oscilo muito. Desanimo, com alguma facilidade. Caio de produção. Canso, decepciono-me, frustro-me. Não me dou muito bem com essa coisa de ser máquina. Não estou sempre bem. Não tenho sempre um sorriso. Não correspondo todas as expectativas sobre mim. Há dias em que não desejo levantar da cama. Já pensei, e não poucas vezes, em jogar tudo para o alto.Um dia me disseram que eu deveria ser eficaz, não eficiente. A eficiência não é criativa, mas monótona. Reproduz, repete, insiste. Até aperfeiçoa-se, mas não se transforma. A eficácia é diferente, inovadora, certeira, maleável. Uma pessoa eficaz assume responsabilidades, as mais diversas, e atinge os objetivos. Se não é especialista em algo, cerca-se de quem o seja e cumpre seu dever. Sabe solucionar problemas e construir relacionamentos. Jamais deixa de produzir os resultados desejados.Mas também não sou eficaz. Ah, como gostaria de ser! Erro mais que acerto, julgo equivocadamente, precipito-me. Produzo aquém do que consideram – ou considero – meu verdadeiro potencial e não tenho clareza a respeito do que é fundamental. Chego aos resultados questionando-me sobre sua validade; penitenciando-me por valores que deixei pelo caminho. Arrependo-me. Defendo-me. Não me compreendo.Contudo, não desespero. Tenho salvação. Creio em Deus e reconheço minha dependência de seu Espírito Santo. Confio em sua eficácia: ofereceu-se uma vez por todas e salvou-me uma vez por todas. Redimiu minha vida, fazendo-me assentar nos lugares celestiais. Seu sopro me impulsiona, cria e recria em mim aquilo que há de mais importante. Estou seguro em suas mãos e sei que posso ser usado para a sua glória.Confio na eficiência do Senhor, sua completude. Não desanima, não desiste, não desampara jamais. Faz nascer seu sol todos os dias, sobre maus e bons. A cada manhã renova suas misericórdias. Fala, ensina, corrige e disciplina. Sobretudo aos que ama. Seu poder levanta o caído e sua graça anima o abatido. Ele faz os meus pés como os da corça e me faz andar altaneiramente.A mim, portanto, resta o efetivo. Resta-me ser efetivo, verdadeiro, real. Consciente de minhas limitações e dependente da direção de Deus. Consagrado. O efetivo também produz, também tem seu valor. Mas é um valor relativo, dependente: é efetivo quando usado corretamente! Nas palavras do apóstolo Paulo: “o bem que quero fazer, não faço (ineficácia: errar o alvo); o mal que detesto, pratico (ineficiência: fazer o malfeito). Miserável homem que sou; quem me livrará do corpo dessa morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor".Seja Cristo a nos usar! Efetivamente! Eficazmente! Eficientemente! E para a sua glória!
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Confissões de um jovem pastor
Confissões de um jovem pastor
Rev. Marcelo Gomes
Fonte: www.institutojetro.com.br
Confesso que sou jovem demais para um texto de confissões. Ainda que seja curto e sem maiores implicações. Não sei se é prudente. Agostinho escreveu as suas já com alguma maturidade, aos 43 anos de idade, aproximadamente. Considerava-as muito mais uma iniciativa de adoração que de culpa ou auto-exposição. Talvez por isso eu tenha criado coragem: não quero considerá-las qualquer biografia ou descrição de trajetória pessoal, mas uma declaração de fraqueza que honre a Deus e ajude outros, sobretudo os que sentem como senti em vários momentos dessa breve história pastoral.
Confesso que não tinha idéia do peso que acompanha o ministério pastoral. Não apenas aquele que resulta dos sofrimentos em geral, participados pelas pessoas ao pastor em quem confiam e que com elas também sofre, mas aquele que, infinitamente mais pesado, resulta exatamente desta confiança, que faz com que nos vejam como líderes que não somos, cheios daquelas qualidades idealizadas que não temos. Superam-nos, em busca do “pastor”. Não lhes importa nossa juventude; não porque desprezam-na, mas porque não lhes comunica o que deveria. Chamam-nos “pastor” e “senhor”, mesmo que poderiam ser nossos pais. Confiam-nos suas almas de imediato, embora demoremos para nos perguntar: quem somos nós – ou o que temos nós – para cuidarmos de tantas?
Confesso que almejava o lado aparentemente mais glamouroso do ministério pastoral. Acreditava não haver nada mais entusiasmante que a pregação, até começar a lidar com sua real dificuldade: o que dizer, semanalmente, a um mesmo povo, que torna-se cada dia mais exigente e com memória cada vez mais fiel. Erasmo de Rotterdam diria: “odeio o ouvinte de memória fiel”. Cri que daria conta, tranqüilo, dos aconselhamentos, até começar a perceber que o problema das pessoas não é a ignorância sobre as soluções disponíveis, mas uma infinidade de medos a que não temos acesso, senão com muita paciência, acolhimento e amor. Acreditava que organizaria facilmente os ministérios e departamentos da igreja, conforme os muitos manuais à disposição para qualquer tipo de visão eclesiástica, até que comecei a perceber que não é organização que falta à igreja, mas comprometimento.
Confesso que me vi sozinho inúmeras vezes. Encontrei mais concorrentes que amigos entre aqueles que, como eu, lançaram-se ao desafio do ministério. Comportei-me também, muitas vezes, como um competidor, em busca da maior igreja, da mais numerosa membresia, da maior arrecadação e dos melhores contribuintes. Alimentei certa inveja, quando tais resultados se faziam presentes no arraial do colega. Embora tenha sido politicamente correto, sem jamais ultrapassar certos limites éticos e de convivência, reconheço que Deus sabe o que passou em meu coração nessa complicada área das realizações e dos resultados. Chorei diante Dele, mas não pude compartilhar minhas dores. Demorei para encontrar em quem confiar, pessoas que não exporiam meus dramas juvenis para minar as bases de meu pastorado.
Confesso que, desde o começo, faltaram referenciais mais sólidos para a construção de meu caráter. Não somente morais, pois que não foram poucos os escândalos que vi envolvendo pastores e líderes, mas inclusive de paciência e incentivo. Por que os mais velhos não podem relevar a mocidade dos mais novos? Por que exigem tanto? Olham-nos com evidente desconfiança, enciumados, afastando-nos de si mesmos e de seus ambientes de poder ou influência. Não poderiam ensinar-nos? Compartilhar conosco suas experiências e descobertas? Poupar-nos dos mesmos erros que cometeram, para que possamos cometer erros novos? Confesso que precisei de guias mais confiáveis e amorosos, dispostos a abençoar meu ministério sem que desejem se impor sobre mim ou desqualificar-me diante das ovelhas que Deus mesmo me confiou.
Confesso, depois de não muitos anos, que não tenho as respostas que achava ter, lá no começo. Há muitas frustrações e desilusões reservadas para os pastores. Pensei em desistir e, às vezes, até hoje, ainda penso. Creio que Karl Barth tem razão quando diz que “os apóstolos e profetas não querem ser o que são; eles têm de ser. E, todavia, eles são”. Agora entendo quando Tiago orienta a que não muitos de nós aspirem ser mestres. Identifico-me com Jeremias, quando derrama-se diante de Deus, seduzido pela vocação e apavorado com suas implicações, oscilando entre o não querer falar e a percepção de um fogo que o queima até que fale. Deus é um fogo consumidor. Não nos queima por que não somos o que quer que sejamos, mas até que o sejamos. E, assim, vamos de dor em dor, de luta em luta, de fé em fé.
Mas confesso que, apesar de toda angústia envolvida, é maravilhoso estar onde se crê ser a vontade de Deus. O resultado que vale é um coração confiante na graça de Cristo e na vitória de Sua cruz. O caminho Dele também não foi fácil. Oposições, acusações, traições e negações de toda ordem marcaram sua trajetória terrena. Deus, porém, o exaltou sobremaneira, dando-lhe um nome acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus todo joelho se dobre. A começar pelos nossos joelhos de pastores, nem sempre tão prontos a encontrar o solo da oração e do quebrantamento. Jesus é nosso modelo. Sua humildade e obediência, nossa meta. Seu Espírito, nossa força. Deus é fiel. Cuida de nós e supre nossas carências. Sem falar nas pessoas que levanta para, contra tudo e contra todos, nos abençoar. No fim das contas, são muitas. Não esperam nada em troca e dão-nos o melhor de seus corações. Renovam-nos a esperança e a disposição para seguir em frente. São verdadeiras dádivas, amigos mais chegados que irmãos.
Rev. Marcelo Gomes
Fonte: www.institutojetro.com.br
Confesso que sou jovem demais para um texto de confissões. Ainda que seja curto e sem maiores implicações. Não sei se é prudente. Agostinho escreveu as suas já com alguma maturidade, aos 43 anos de idade, aproximadamente. Considerava-as muito mais uma iniciativa de adoração que de culpa ou auto-exposição. Talvez por isso eu tenha criado coragem: não quero considerá-las qualquer biografia ou descrição de trajetória pessoal, mas uma declaração de fraqueza que honre a Deus e ajude outros, sobretudo os que sentem como senti em vários momentos dessa breve história pastoral.
Confesso que não tinha idéia do peso que acompanha o ministério pastoral. Não apenas aquele que resulta dos sofrimentos em geral, participados pelas pessoas ao pastor em quem confiam e que com elas também sofre, mas aquele que, infinitamente mais pesado, resulta exatamente desta confiança, que faz com que nos vejam como líderes que não somos, cheios daquelas qualidades idealizadas que não temos. Superam-nos, em busca do “pastor”. Não lhes importa nossa juventude; não porque desprezam-na, mas porque não lhes comunica o que deveria. Chamam-nos “pastor” e “senhor”, mesmo que poderiam ser nossos pais. Confiam-nos suas almas de imediato, embora demoremos para nos perguntar: quem somos nós – ou o que temos nós – para cuidarmos de tantas?
Confesso que almejava o lado aparentemente mais glamouroso do ministério pastoral. Acreditava não haver nada mais entusiasmante que a pregação, até começar a lidar com sua real dificuldade: o que dizer, semanalmente, a um mesmo povo, que torna-se cada dia mais exigente e com memória cada vez mais fiel. Erasmo de Rotterdam diria: “odeio o ouvinte de memória fiel”. Cri que daria conta, tranqüilo, dos aconselhamentos, até começar a perceber que o problema das pessoas não é a ignorância sobre as soluções disponíveis, mas uma infinidade de medos a que não temos acesso, senão com muita paciência, acolhimento e amor. Acreditava que organizaria facilmente os ministérios e departamentos da igreja, conforme os muitos manuais à disposição para qualquer tipo de visão eclesiástica, até que comecei a perceber que não é organização que falta à igreja, mas comprometimento.
Confesso que me vi sozinho inúmeras vezes. Encontrei mais concorrentes que amigos entre aqueles que, como eu, lançaram-se ao desafio do ministério. Comportei-me também, muitas vezes, como um competidor, em busca da maior igreja, da mais numerosa membresia, da maior arrecadação e dos melhores contribuintes. Alimentei certa inveja, quando tais resultados se faziam presentes no arraial do colega. Embora tenha sido politicamente correto, sem jamais ultrapassar certos limites éticos e de convivência, reconheço que Deus sabe o que passou em meu coração nessa complicada área das realizações e dos resultados. Chorei diante Dele, mas não pude compartilhar minhas dores. Demorei para encontrar em quem confiar, pessoas que não exporiam meus dramas juvenis para minar as bases de meu pastorado.
Confesso que, desde o começo, faltaram referenciais mais sólidos para a construção de meu caráter. Não somente morais, pois que não foram poucos os escândalos que vi envolvendo pastores e líderes, mas inclusive de paciência e incentivo. Por que os mais velhos não podem relevar a mocidade dos mais novos? Por que exigem tanto? Olham-nos com evidente desconfiança, enciumados, afastando-nos de si mesmos e de seus ambientes de poder ou influência. Não poderiam ensinar-nos? Compartilhar conosco suas experiências e descobertas? Poupar-nos dos mesmos erros que cometeram, para que possamos cometer erros novos? Confesso que precisei de guias mais confiáveis e amorosos, dispostos a abençoar meu ministério sem que desejem se impor sobre mim ou desqualificar-me diante das ovelhas que Deus mesmo me confiou.
Confesso, depois de não muitos anos, que não tenho as respostas que achava ter, lá no começo. Há muitas frustrações e desilusões reservadas para os pastores. Pensei em desistir e, às vezes, até hoje, ainda penso. Creio que Karl Barth tem razão quando diz que “os apóstolos e profetas não querem ser o que são; eles têm de ser. E, todavia, eles são”. Agora entendo quando Tiago orienta a que não muitos de nós aspirem ser mestres. Identifico-me com Jeremias, quando derrama-se diante de Deus, seduzido pela vocação e apavorado com suas implicações, oscilando entre o não querer falar e a percepção de um fogo que o queima até que fale. Deus é um fogo consumidor. Não nos queima por que não somos o que quer que sejamos, mas até que o sejamos. E, assim, vamos de dor em dor, de luta em luta, de fé em fé.
Mas confesso que, apesar de toda angústia envolvida, é maravilhoso estar onde se crê ser a vontade de Deus. O resultado que vale é um coração confiante na graça de Cristo e na vitória de Sua cruz. O caminho Dele também não foi fácil. Oposições, acusações, traições e negações de toda ordem marcaram sua trajetória terrena. Deus, porém, o exaltou sobremaneira, dando-lhe um nome acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus todo joelho se dobre. A começar pelos nossos joelhos de pastores, nem sempre tão prontos a encontrar o solo da oração e do quebrantamento. Jesus é nosso modelo. Sua humildade e obediência, nossa meta. Seu Espírito, nossa força. Deus é fiel. Cuida de nós e supre nossas carências. Sem falar nas pessoas que levanta para, contra tudo e contra todos, nos abençoar. No fim das contas, são muitas. Não esperam nada em troca e dão-nos o melhor de seus corações. Renovam-nos a esperança e a disposição para seguir em frente. São verdadeiras dádivas, amigos mais chegados que irmãos.
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