Se eu perguntasse para você quantos amigos você tem, o que você me responderia? Sempre que estou aconselhando alguém, esta é uma das primeiras perguntas que faço; primeiro para saber se aquilo que a pessoa está contando para mim já foi espalhado para mais gente e segundo para saber qual é o grau de exigência relacional desta pessoa. Existem pessoas que são tão seletivas em seus relacionamentos que se torna impossível não decepcioná-las.
" O coríntios, a nossa boca está aberta para vós, o nosso coração está dilatado. Não estais estreitados em nós; mas estais estreitados nos vossos próprios afetos.........dilatai-vos também vós." II Cor. 6:11-13
Muitos dizem que não possuem amigos porque as pessoas não são confiáveis, que até já confiaram em algumas pessoas mas a maioria delas os decepcionaram e por isto, preferem não arriscar em outros relacionamentos.
Quando agimos assim, a vida se torna uma via de mão única e se torna restrita a "nossos próprios afetos". Paulo aconselha aos coríntios a não viverem uma vida se preocupando apenas com seus próprios afetos.
Encontramos no dicionário esta definição de afeto: "Estado emocional ligado à realização de uma pulsão que, reprimida, transforma-se em angústia ou leva à manifestação neurótica."
A falta do afeto ou da dilatação dos afetos pode nos trazer angústias e neuroses. Muitas pessoas se tornam angustiadas porque não conseguem aceitar os defeitos alheios e assim não conseguem cultivar relacionamentos de verdade.
Jesus nos alerta que "com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós." Mateus 7:2
É impressionante como conseguimos ver o erro que as outras pessoas tiveram conosco mas não vemos o inverso. Muitos reclamam da falta de compreensão, da falta de fidelidade, da indisponibilidade dos outros, como se nós mesmos fossemos tão éticos, tão fiéis e tão disponíveis assim.
Henri Nouwen escreve: "Quando buscamos soluções divinas em outras pessoas, fazemos delas deuses e de nós demônios. As nossas mãos já não acariciam, mas agarram."
O problema quanto a nossa afetividade então é porque antes de tudo somos seletivos em nossos afetos. Eu escolho as pessoas que gostaria que me amassem. Sobre isto eu posso dizer que algumas das maiores surpresas de afeto que recebi, foram de pessoas que eu não esperava, de corações que nunca cultivei.
Jesus nos ensina a amarmos gente. Amar gente não é fácil, pois existe gente de todo o tipo. Amar estereótipos é fácil, o homem bonito, a mulher inteligente, o cara legal, o rapaz rico ou a menina engraçada.
Madre Tereza, Betinho, Gandhi, Nelson Mandela e Martin Luther King sempre estiveram rodeadas de gente os seguindo e os amando. Eles amavam pessoas e não estereótipos, não escolhiam o alvo do afeto apenas dilatavam o coração e pronto. E, por isso recebiam este amor de volta.
Aprendemos na vida que aquele/a que fecha os olhos, não consegue ver nem o feio nem o bonito e aquele/a que retrai o seu coração não consegue perceber o desafeto e a dor, mas também não consegue perceber o amor.
É do instinto humano - do corpo humano - se retrair quando surpreendido pela dor e é assim também com o nosso emocional. A tendência é nos retrair emocionalmente quando sofremos alguma decepção, uma calúnia ou uma traição.
O fato é que ninguém vive olhando para o chão o tempo todo por causa do tropeção que levou ou deixa de usar facas por causa de um corte que levou em sua mão.
Porém emocionalmente muitas pessoas agem desta forma. Como Paulo exorta a igreja de Corinto, não devemos retrair nossos corações, mas pela graça de Deus e pelo poder restaurador do amor precisamos dilatar nossos afetos para poder sentir a vida verdadeiramente.
Quem se abre muito e dilata seu coração, sofre muito, mas também recebe muito afeto; quem se fecha muito, sofre menos, porém tem poucos afetos.
Jesus Cristo nos deu o maior exemplo de que para nos relacionar com o outro, precisamos nos esvaziar completamente e nos deixar vulneráveis (Filipenses 2:5-8), pois somente assim poderemos demonstrar e sentir verdadeiramente o amor.
Quem entra com reservas em uma amizade está colocando um prazo para seu final, quem começa seu casamento com medos e receios está prenunciando o seu fim.
Dilatar o coração é não escolher o alvo do nosso amor, é não fazer reservas às concessões.
Dilatar o coração é fazer o que Deus fez, amar o mundo de "tal maneira"......
Minha opinião:
"Todos nós usamos essa carapuça! O problema relacional tem sido uma epidemia da nossa sociedade moderna. Eu estava para escrever um novo post, mas li esse artigo e achei importante comunicar com meus irmãos, que assim como eu, também precisam dilatar seus corações a cada novo dia."
Bruno Alarico
Texto de Armando Altino da Silva Júnior
Fonte: Instituto Jetro (
http://www.institutojetro.com/)