“Problema? Eu não tenho problema! Dou graças à Deus todo dia por ver meus filhos servindo a Deus, por ter conseguido vê-los casar, por sua mãe, etc. O Senhor Jesus é tudo pra mim!”
No ultimo domingo foi comemorado o dia dos pais. Não que essa data em si tenha grande importância pra mim. A verdade é que nunca teve. Sempre acreditei que, se existe um dia para dar carinho e afeto a quem nós amamos, esse dia é hoje (agora). A data passaria como um dia comum para mim, não fosse ter perdido meu pai mês passado.
Foi sem dúvida o dia mais difícil da minha vida. O dia que meu pai partira. Acreditávamos na cura. Oramos por ele. Mas ele se foi. Não perdi só meu pai. Perdi um grande amigo. Foi um daqueles golpes que a vida nos dá, que nos faz pensar seriamente em desistir, parar. Estávamos fazendo planos para os seus netinhos.
Quando íamos viajar para a casa dos meus pais no interior ele sempre comentava comigo e com meu irmão: “Já imaginaram? Seus filhos correndo aqui no quintal?”.
Passei as três semanas seguintes lutando contra sentimentos que nunca julgara que teria. Tristeza, saudade, esgotamento, depressão, medo, incredulidade etc. Costumo dizer que o diabo não bate o ponto no final da tarde quando encerra seu expediente e vai pra casa. Ele nunca descansa. Para mim (pelo menos do meu ponto de vista) estava quase sem forças.
Até o dia do enterro, não tinha conseguido ouvir a voz de Deus. A amargura do meu coração e o choque por ter perdido meu pai e melhor amigo estavam como que anestesiando minha alma de modo que não conseguia ouvir uma só Palavra. Isso já aconteceu com você? Já se sentiu esquecido por Deus? Acredito que sim. Talvez esteja sentindo exatamente isso ao ler estas palavras.
O Senhor começou a trabalhar em mim ainda no cemitério. Lá pelo meio da manhã meu pastor me chamou de canto e perguntou se poderia ler um versículo que sentia no seu coração ser uma resposta para mim. Eu naturalmente disse que sim. Não que acreditasse que faria algum efeito (visto meu estado). Mas Deus sempre nos surpreende. Quando achamos que estamos sós, ele de repente aparece. O pastor então leu:
“E, sepultando a Abner em Hebrom, o rei levantou a sua voz e chorou junto da sepultura de Abner; e chorou todo o povo... Então, disse o rei aos seus servos: Não sabeis que, hoje, caiu em Israel um príncipe e um grande? Eu, hoje, estou fraco, ainda que seja ungido rei...” 2Sm 3.32 e 39
Davi perdera seu antes “valente”. Um grande companheiro do tempo em que passara no deserto, e ele sentiu a perda! Seu coração se enfraqueceu.
Naquela hora Deus falou ao meu coração: “Valente...! Era como Eu mesmo via seu pai, Bruno!”.
Agradeci ao pastor e me dirigi à frente meio que hipnotizado por essa palavra. Fiquei lembrando-me das experiências que vivemos juntos com o pai. Ele sempre fora muito valente. Tinha uma força de sair das lutas melhor do quando entrou. Superava limites diariamente. Não era culto, ou rico. Meu pai estudou apenas até quinta série. Não por isso, era um exímio desenhista, pedreiro, marceneiro, motorista de carreta, encanador e nas horas vagas ainda fazia sabão caseiro (risos).
Durante quinze anos lutou e venceu a batalha contra o câncer. Fez dez cirurgias ao longo desses anos e nunca ficou prostrado, nem o vi reclamar uma única vez. Desde a infância não enxergava direito de um olho e tinha os alguns dedos da mão amputados (só o cotoquinho rss...). Ainda sim, nunca se encostou! Trabalhou duro como motorista toda sua vida e, construiu nossas duas casas praticamente sozinho! Antes de casarmos ele sempre dizia para mim e para meu irmão: “Vocês precisam virar homens, um dia vocês irão casar e vão aprender!” (não que nós aprontássemos, mas, quando se é jovem temos a tendência a alguns comportamentos imaturos).
Meu pai se converteu em 2011 em meio a um difícil processo de quimioterapia. Sempre fugira de Deus, mas o Senhor o abraçou com seu amor e o mostrou como ele era importante para Si. Nos meses seguintes se batizou (ainda carequinha) e começou sua caminhada com Deus. Nos dois anos seguintes eu pude ver com meus próprios olhos como o poder e a maravilhosa graça de Deus podem mudar a vida de uma pessoa, quando esta se entrega verdadeiramente a Ele!
Acredito que ele foi mais transformado do que eu em um intervalo de tempo cinco vezes menor! (risos). Ele já era um bom pai e marido; e passou a ser um grande pregador. Por onde passava, falava do Jesus que ele conhecera. Do Jesus que o havia ajudado todos esses anos e que perdoou de todas as suas falhas.
Meu velho sempre prosseguiu em meio às dificuldades. Nunca desistiu! Sempre nos incentivava a ficar firmes. Nunca ouvi dos seus lábios: “filho, acho bom desistir!”. Jamais!
Foi disso que eu lembrei quando o Senhor falou comigo aquela manhã. Ouvi Jesus em meu coração: “Seu pai era e sempre será um valente! Você também deve ser! Sua família precisa de você. Você precisa prosseguir!”.
Talvez isso se aplique a você também. Deus continua trabalhando a despeito das lutas pelas quais passamos. Como disse Davi: “Eu, hoje, estou fraco, ainda que seja ungido rei”. Posso dizer que estou em franca recuperação. Procuro todos os dias passar algum tempo de qualidade com Deus para ser tocado por ele.
Para encerrar quero deixar um versículo que sempre lia para meu pai:
“Porque há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus rebentos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e no chão morrer o seu tronco, ao cheiro das águas brotará e dará ramos como a planta nova.” Jó 14.7-9
E você quer se levantar comigo? Quer uma carona rumo à cura
emocional e um novo começo? Não será nada fácil e sei disso, mas com ajuda de
Jesus venceremos e quando formo tentados a parar lembremos sempre de APESAR DE TUDO, PROSSEGUIR!
Paz e graça
Irmão Bruno
Paz e graça
Irmão Bruno
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