terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Desligue o piloto automático!

Desligue o piloto automático, por favor!
Sueli Nascimento
Publicado em 15.12.2009


Manter o celular ou a televisão ligados enquanto almoça, ouvir o desabafo de alguém e navegar na internet ao mesmo tempo, indicam que você ligou o piloto automático. Isto não é gerenciar o tempo, não é aproveitar o dia ao máximo. O resultado dessa atenção sem foco é que você não se concentra nem em uma coisa nem em outra; tem uma percepção fragmentada das coisas a sua volta e essa percepção distorcida pode prejudicar suas idéias e julgamentos sobre os fatos.

Se você não está aproveitando a vida do modo como gostaria, não consegue dividir suas 24 horas entre o trabalho, relacionamento e um tempo só para você e, acima de tudo, se não acredita que realizará seus sonhos nessa existência, você, realmente, está em dificuldades. Parar de sonhar o transforma em um robô. Robô não sabe amar e quem pagará o preço de você desistir de si mesmo são seus relacionamentos.

O piloto automático embrutece

Muitos encaram as dificuldades como entraves à felicidade e incorporam isto tão profundamente que perdem a noção de sua potência para vencer obstáculos. Elas ligam o piloto automático e só se darão conta dele quando se depararem com os resultados: sentimento de incompletude, vazio existencial, falta de sentido da vida, depressão e falta de motivação para levar projetos adiante.

Existe uma lógica para que as pessoas liguem o piloto automático e se desliguem cada vez mais do funcionamento corporal e mental. Ele impede a pessoa de perceber o absurdo da vida e o ajuda a suportar o “tédio nosso de cada dia”. No piloto automático não sentimos grandes sofrimentos, mas também quase nenhuma felicidade. Fazemos desaparecer a dor e, junto com ela, o amor.

Por causa deste embotamento, a pessoa desconhece quem realmente é e se torna insensível também às necessidades alheias. Desenvolve uma falsa idéia do que seja autonomia afetiva e demonstrar sentimentos se torna constrangedor. Fica incapaz de ver as coisas sob outro prisma e desenvolve intolerância a quem pensa de maneira diferente. Amor e convivência são confundidos com o controle aos outros.

Tornar-se presente

Há muitas formas de controle, uma das mais comuns é fazer qualquer coisa de olho nos resultados. Enquanto você interage, as atenções são colocadas para muito além da relação em si, isto é, nos resultados esperados daquela interação, por exemplo, as pessoas não descansam, recuperam energia. Não brincam com seus filhos, os preparam para o futuro. Para alguns casais não existe troca. Tudo deve ter um propósito, nada é simplesmente o que é.

No mundo do trabalho todos têm um preço e sempre há uma segunda intenção à espreita. Um sempre tenta tirar algo do outro e o preço para a harmonia na relação será pago pela liberdade, respeito e amor próprio de um deles ou dos dois. Isto é muito comum, talvez você já tenha se sentido usado por alguém para alcançar seus objetivos – profissionais, econômicos ou ministeriais.

Normalmente, quando a pessoa se dá uma trégua e desliga o piloto automático, aterrissa em si mesma, percebe que está sendo usada e se livra de relacionamentos abusivos. A fórmula para desligar o piloto automático e superar a resignação é tornar-se presente, voltando a atenção ao que se está fazendo no momento em que se faz. Valorizando os relacionamentos, seus limites e potencialidades.

Reprodução autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e a fonte como: www.institutojetro.com e comunicada sua utilização através do e-mail artigos@institutojetro.com

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Buscando a integridade do coração

Buscando a integridade do coração
Ronaldo Lidório
Publicado em 01.12.2009


Devemos compreender que a busca pela integridade sempre denuncia o pecado em nós. Richard Baxter, teólogo, homem piedoso e autor de mais de 130 livros, afirma, em seu livro O pastor aprovado, que “é mais fácil julgar o pecado que dominá-lo” e desafia-nos: “somos exortados a olhar por nós mesmos para não suceder que convivamos com os mesmos pecados contra os quais pregamos”.

Certamente, isto é algo que deve nos fazer refletir com temor perante o Senhor, a cada palavra proferida no púlpito de nossas igrejas. Em Gn 17:1 lemos que Deus disse a Abraão: “Eu sou o Deus todo poderoso; anda na minha presença e sê perfeito”. Andar na presença de Deus leva-nos ao caminho da perfeição ao mesmo tempo em que andar em Sua presença aponta de forma clara as nossas imperfeições.

Não tem como sermos santos e íntegros se o pecado em nossas vidas não for denunciado. O pecado é, sociologicamente, compreendido de forma simbólica na organização social humana. Ao falarmos de pecado vêm à nossa mente o que rotulamos de pior ou inaceitável, como: o adultério, o roubo e o assassinato. Outras sociedades também possuem suas compreensões simbólicas do pecado. Entre os Konkombas de Gana o maior pecado é mentir. Entre os indígenas da Amazônia talvez seja ser pão duro, ou sovina, como preferem.

De toda forma, precisamos observar que o pecado, mesmo não embutido de um simbolismo socialmente degradante, igualmente nos afasta de Deus. Facilmente censuramos a embriaguês, mas temos dificuldade em confrontar a gula. Apontamos com clareza a falta de domínio próprio nos relacionamentos, mas convivemos pacificamente com a inveja. Iramos-nos contra o roubo, mas, somos tolerantes com o engano.

A Bíblia nos leva a ter verdadeira visão do pecado e entender o que é a verdadeira religião. Tiago nos diz que: “Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte... Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã... Religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo”.

É surpreendente a exposição de Tiago a respeito do pecado que nasce na concupiscência e gera a morte. Ao comparar o verdadeiro cristianismo com a falsa religiosidade, a partir daquilo que é santo ou pecaminoso, ele simplifica a mensagem tornando-a aplicável à vida diária. Exemplifica dizendo que é pura religiosidade não refrear a sua língua ao passo que é verdadeiro cristianismo visitar os órfãos e as viúvas.

O claro ensino é que precisamos lidar com o pecado de forma prática e objetiva. C. S. Lewis nos fala sobre o engano que sempre rodeia o pecado quando afirma que “quando um homem se torna melhor, compreende cada vez mais claramente o mal que ainda existe em si. Quando um homem se torna pior, percebe cada vez menos a sua própria maldade”.

Há mensagens claras na Palavra do Senhor quanto ao pecado. Uma delas é que o pecado é combatido pelo poder de Deus. Que a carnalidade, tendência natural humana ao pecado, é controlada pelo Espírito. Que, por termos escolhas naturalmente más, sermos cheios do Espírito é a forma bíblica e certa de fazermos morrer a carne. Que a vida devocional, buscar ao Senhor e escolher a melhor parte, que não nos será tirada, é a principal iniciativa para aqueles que desejam estar com Ele.

Na busca da integridade de coração, cedo ou tarde perceberemos isto: que andar na presença de Deus leva-nos ao caminho da perfeição ao mesmo tempo em que lança luz sobre as nossas imperfeições.

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